Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, julho 06, 2007

Esperando o Pan LUIZ GARCIA

Oque é mesmo "aeródromo"? O dicionário nos ensina que é simplesmente um lugar destinado a pouso e decolagem de aviões. Diferente do "aeroporto", este conta com "instalações próprias" para atendimento de passageiros.

Temos o doloroso dever, portanto, de concluir que o Brasil anda cheio de aeródromos. Praticamente, nenhum aeroporto que preste.

O único avanço recente e notável na administração da crise atual e perene foi o fim da rebeldia dos controladores de vôo: a Aeronáutica assumiu o controle do serviço. Pelo visto e sofrido nos últimos dias, o céu dos brigadeiros não é tão azul como se pensava. Passageiros continuaram a acampar nos aeroportos, e a única conseqüência significativa da medida, do ponto de vista dos candidatos a viajantes, foi a redução do número de responsáveis pelas suas tribulações.

E, não sendo mais possível culpar os oficialmente descontrolados controladores, o ônus da bagunça passa a ser das companhias aéreas e/ou do governo.

O governo tem larga fatia de responsabilidade: contingenciou demais os investimentos em infra-estrutura. É seu vício em setores sem conta. Ontem, o GLOBO relacionou sete promessas dos órgãos federais para amenizar a crise. Todas pertinentes e importantes. Ficaram no papel e no gogó.

A culpa mais aparente e imediata é das empresas. Têm graves deficiências na manutenção dos aviões e trabalham com a conta do chá, na relação entre número de linhas e conexões, e o tamanho das frotas. E mantêm uma relação investimento/lucro que só pode ser definida como indecente.


Na raiz, o problema é a relação entre a quantidade de linhas e de passagens vendidas e o tamanho das frotas, assim como a capacidade de mantê-las em operação. É claro que um sistema mais sofisticado de controle do tráfego aéreo ajudaria as empresas a cumprir suas promessas. Mas não faz sentido que elas insistam em programar linhas desprezando a realidade. E ignorando os prejuízos e o sofrimento dos passageiros.

A não ser que para os donos do setor importe apenas o que ganham vendendo passagens como se fossem bilhetes de loteria. Quem é sorteado, voa; quem não é, dorme no chão do aeroporto. Sem um cafezinho de graça.

Não seria má idéia as empresas prestarem mais atenção na sua reputação. Não sugiro, só aviso o óbvio: a crise está madura para um quebra-quebra. Pode ser evitado se empresas e governo, independentemente de soluções concretas e definitivas, criarem um sistema de prestação de contas e atendimento ao passageiro vitimado: comida, cama, carinho e informação honesta.

Observadores masoquistas podem argumentar que não há motivo para ações urgentes. Os Jogos Pan-Americanos vão começar e isso não significará qualquer aumento no movimento em nossos aeródromos, não é mesmo?

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