Entrevista:O Estado inteligente

sábado, julho 21, 2007

Colapso Celso Ming


Não é preciso análise de nenhuma caixa-preta para entender que estamos diante de algo bem mais grave do que um “Apagão Aéreo”, nome da crise dado pela CPI que tramita no Senado.

O setor da aviação civil entrou em colapso e, nessa situação, aviões se descontrolam, morrem centenas de inocentes e quem devia assumir a responsabilidade, se omite ou reage com “top-tops”, como o secretário da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

O governo Lula não foi capaz de antecipar a impressionante expansão do setor e, muito menos, de responder adequada e prontamente a ela. O Ministério da Defesa, de Waldir Pires, é reconhecidamente inoperante na tarefa de coordenar a aviação civil. O levantamento feito pela CPI denuncia que não é capaz de supervisionar nem a Infraero nem o Comando da Aeronáutica, como é sua incumbência.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, preferiu ver o lado cândido do problema: como demonstração do aumento do consumo e da pujança da economia. A ministra do Turismo, Marta Suplicy, sugeriu que o desconforto e as longas esperas nos aeroportos sejam aproveitados com o desfrute possível nas circunstâncias.

A julgar pelas suas reações diante do caos dos controladores do tráfego aéreo, o presidente Lula vem tendo dificuldade até para entender a natureza do problema. Chegou a pedir que o então ministro do Trabalho, Luiz Marinho, encontrasse uma solução sindical-trabalhista para a crise desses profissionais, que são sargentos da Aeronáutica. O governo não tem uma política nacional de aviação civil.

O relativo barateamento das passagens, conjugado ao aumento de renda da população, vem puxando a demanda por transporte aéreo em torno de 20% ao ano. Isso significa que, em apenas dez anos, aumentará 520%. Esse não é fenômeno restrito ao Brasil e, assim, não poderia ser conseqüência da melhora dos fundamentos da economia, conforme alardeia Mantega. Mas tende a se acentuar por aqui.

A capacidade da infra-estrutura aeroportuária brasileira está esgotada. Alguns números da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) bastam para entender a extensão da calamidade. No relatório da CPI ficou registrado que, em 2005, o Aeroporto de Congonhas, com capacidade para 12 milhões de passageiros por ano, recebeu 17,1 milhões. Brasília, com capacidade de 7,4 milhões, recebeu 9,4 milhões. Vitória e Porto Seguro, embora menores, também estão assim.

A Anac entende que, se tudo continuar como está, o congestionamento alcançará 11 aeroportos em 2010; 23 em 2015; e 27 em 2025. O custo das providências necessárias para reverter a situação é de R$ 7,3 bilhões até 2010. Mas a Infraero dispõe de apenas R$ 3 bilhões.

O problema de Congonhas é ainda mais sério porque, além de ser o aeroporto de maior movimento no País, é a principal conexão (hub). Qualquer anomalia lá tem repercussão no País inteiro: é o avião que não decola e atrasa a chegada a seu destino; é a tripulação que fica retida em outro centro; são as conexões que não se realizam e tumultuam todo o movimento. (Amanhã tem mais.)

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