Ao que parece, os três ministros que compõem a equipe econômica - Fazenda, Planejamento e BC - permanecerão em seus postos. Tudo indica também que será mantida a gestão macroeconômica responsável do primeiro mandato de Lula. E, a cada dia, reforçam-se os sinais de que o esteio dessa política será mesmo o presidente Lula, que tem estreitado seu relacionamento com Henrique Meirelles. “O que indica que pode estar se formando uma situação inédita que jamais aconteceu nos mais de 40 anos do BC: o banco passaria a ter papel mais proeminente que a Fazenda na preservação da estabilidade dos preços e da previsibilidade da política monetária”, avalia Mailson da Nóbrega, da Tendências.
Essa situação é conseqüência, segundo Mailson, da ocorrência simultânea de três fatores igualmente inéditos. Primeiro. O papel fundamental do BC na reeleição de Lula. “O carisma e os efeitos sociais do Bolsa-Família foram relevantes para o sucesso da campanha, mas de pouco teriam valido se a inflação tivesse permanecido alta e crescente.” O segundo fator são as características pessoais do presidente, principalmente as originadas de sua carreira como líder sindical. Lula tem dado demonstrações de que privilegia o relacionamento pessoal mais do que as estruturas formais. No caso de Meirelles, avalia Mailson, Lula parece combinar afeição, reconhecimento pelo trabalho realizado e gratidão por ele ter aceitado o cargo quando vários recusaram o convite.
O terceiro fator é meramente acidental, mas igualmente importante. Por conveniência administrativa, Lula elevou o cargo de presidente do BC à categoria de ministro de Estado. Trata-se, ressalta Mailson, de uma medida provavelmente sem paralelo na história dos bancos centrais, que certamente facilitou o relacionamento pessoal de Lula com Meirelles. Eliminou constrangimentos administrativos, já que ele passou a ser subordinado diretamente ao presidente. “A absoluta tranqüilidade com que Meirelles reage às críticas de Mantega e às notícias plantadas por membros da equipe da Fazenda e, provavelmente, por fontes do Planalto parece estar assentada na compreensão de que vive uma situação singular e segura.”
IMPRESSÃO DIGITAL
O economista Fabio Giambiagi faz o seguinte exercício. Assumindo, por hipótese, que o índice dessazonalizado da produção de fevereiro se mantenha no resto do ano, as taxas de crescimento anuais para 2007 em relação a 2006 seriam: indústria geral, 1,6%; bens de capital, 11,6 %; bens intermediários, 1,6%; duráveis, 2,1%; e semi e não-duráveis, 0,9%. “Isso indica um grande descompasso entre a indústria de bens de capital e o resto da indústria, o que nos deixa em uma situação curiosa. Ao mesmo tempo que a realidade para a maioria dos setores deixa a desejar, o dinamismo dos investimentos fortalece os alicerces para uma maior expansão futura.”
NA FRENTE
GIAMBIAGI 2
Com base no exposto acima, Giambiagi avalia que tudo indica que o investimento será a grande vedete do desempenho do PIB este ano.
“Com indústria a meia máquina e investimentos ‘voando’, o BC estará à vontade para continuar a reduzir juros sem maiores temores quanto à inflação de 2007 e 2008.”
BANDEIRA
A redução da carga tributária sobre o setor de propaganda é uma das bandeiras de Ricardo Nabhan, que assume terça-feira a presidência da Federação Nacional das Agências de Propaganda.
Boa sorte.
ATÍPICO
Este ano, as águas de março não fecharam o verão.
Por conta do calor forte, o Grupo Pão de Açúcar vendeu em março 40% mais ventiladores e 25% mais condicionadores de ar que no mesmo período do ano passado.
PORTA OPORTUNA
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo e o BNDES acabam de firmar parceria para a instalação de um posto de informações do banco na sede da entidade.
Objetivo: facilitar o acesso das pequenas e médias empresas às linhas de financiamento do BNDES.
PESO
Da divulgação do novo PIB até dia 3, chama a atenção, segundo Octavio de Barros, do Bradesco, o fato de o risco Brasil ter melhorado 10,9%; a Bovespa, crescido 4,7%; o câmbio ter se apreciado 1,97%; e o swap pré-DI, de 360 dias, fechado em 1,09%.
“Claro que outros fatores contribuíram, mas a divulgação do novo PIB do IBGE esteve longe de ser irrelevante para os mercados.”
MUDANÇA
Enquanto a França aguarda a definição das eleições majoritárias, no Brasil os empresários franceses elegeram Michel Durand Mura como novo presidente nacional das Câmaras de Comércio França-Brasil. Ele assume no lugar de Jean-Noel Gérard.
Mura terá entre suas atribuições os trabalhos do Ano da França no Brasil, previsto para 2008.
DEVAGAR
Ontem, as bolsas já andaram em ritmo de feriado. E hoje, além do payroll (vagas criadas no mercado de trabalho), o Departamento do Comércio americano divulga os dados de vendas e estoques das empresas atacadistas em fevereiro.
Dados que só devem repercutir na segunda-feira.