AMAN, Jordânia. O tema central do seminário da Academia da Latinidade aqui em Aman, na Jordânia, são os direitos humanos como valor universal possível para o diálogo antes da guerra de religiões. O seminário será realizado com a colaboração do Instituto Real para estudos inter-religiosos, e tem como objetivo, nas palavras do secretário-geral da academia, o filósofo brasileiro Candido Mendes, tentar entender como os direitos humanos são compreendidos no mundo muçulmano e no mundo ocidental. Um dos pontos de debate é saber como esse valor universal se articula com a democracia, e até onde a democracia pode ser inclusive um álibi para a manutenção de estados hegemônicos.
Como atualmente os Estados Unidos são acusados de manipularem informações na Guerra do Iraque e no combate ao terrorismo, a professora Susan Buck-Moors, da Universidade Cornell, vai analisar as conseqüências da globalização em relação ao poder hegemônico e à soberania dos países. O professor Enrique Larreta, uruguaio radicado no Brasil que chefia o Instituto de Pluralismo Cultural da Universidade Candido Mendes, falará sobre o uso da tortura e do terror na era da globalização.
Esta XV Conferência, para Candido Mendes, terá o grande horizonte do mundo islâmico nos trazendo a visão do outro lado, com palestrantes do porte do argelino Mohammed Arkoun, talvez o maior especialista islâmico, que hoje ensina em Paris e falará sobre a “dialética histórica e sociológica do Islã”; ou o marroquino Abdesselam Cheddadi, do Instituto Universitário de pesquisa científica em Rabat, que abordará a questão dos direitos humanos como um desafio da globalização.
As conferências anteriores se alternaram entre todos os ângulos do problema islâmico. A Academia da Latinidade reúne preferencialmente intelectuais de países de línguas de origem latina, como a França, a Espanha (Frederico Mayor, ex-diretorgeral da Unesco, é o presidente da academia), Portugal (o ex-primeiro-ministro Mário Soares é o vicepresidente), a Itália e o Brasil, e foi o primeiro grupo ocidental a ir a Teerã.
Os seminários continuaram em Alexandria e Ancara, no Egito, em Istambul, na Turquia, em Baku, no Azerbaijão, e agora chegam à Jordânia.
Por outro lado, houve reuniões no Rio de Janeiro, no Haiti, nos Estados Unidos e em Quito. Os seminários começaram num universo já ameaçado pelas lógicas hegemônicas, mesmo antes dos atentados terroristas nos Estados Unidos, e se aprofundaram na análise da relação OcidenteOriente a partir daí.
A idéia que originou a academia era poder enfrentar o diálogo com o mundo islâmico nas suas diversas pontas: a do mundo iraniano, o que foi feito na conferência de Teerã (novamente em evidência com a crise envolvendo o enriquecimento de urânio pelo Irã); depois o mundo árabe no Egito; e, em seguida, o mundo turco.
Trata-se, portanto, de uma seqüência de conferências até chegar ao Azerbaijão, para discutir o problema das comunidades islâmicas na região eurasiana, saídas da utopia comunista para reencontrar suas realidades culturais, e agora a Jordânia.
“Procuramos fazer um contraponto entre os dois diálogos, e, do lado de cá, procuramos debater o que é a democracia como valor universal desses direitos, tendo em vista os novos fundamentalismos latino-americanos que os estão colocando em questão, nos exemplos de Chávez, na Venezuela, Evo Morales, na Bolívia, e Correa no Equador”, afirma Candido Mendes.
Ao lado dos problemas dos direitos humanos, o seminário vai debater também o que Candido Mendes chama de “simulacros da democracia”, numa homenagem a um amigo seu, o filósofo francês Jean Baudrillard, recentemente falecido e que era presença constante nesses seminários em redor do mundo.
Na sessão de abertura, o sociólogo francês Alain Touraine falará sobre os direitos humanos como o último símbolo universal. Em seguida, haverá uma sessão dedicada ao debate sobre as manipulações políticas dos direitos humanos em uma ordem mundial não-democrática, com palestra de Hassan Nafaa, secretário-geral do Fórum do Pensamento Árabe. Caberá a Javier Sanjinés, professor da Universidade de Michigan, analisar o que está acontecendo na Bolívia.
O contexto cultural dos direitos humanos, e a capacidade de o tema ser base para um diálogo universal, vai ser analisado pelo britânico Aziz al-Azmeh, professor de História da Universidade Centro-Européia de Budapeste. O professor Ebrahim Moosa, do Departamento de Religião da Duke University dos Estados Unidos, falará sobre o dilema dos direitos islâmicos, enquanto o francês François L’Yvonnet, professor de filosofia em Paris, analisará o que chama de “nomadismo” de certos conceitos.
Além do secretário-geral Candido Mendes, o Brasil estará representado por quatro palestrantes: o historiador e cientista político Hélio Jaguaribe falará sobre “universalismo e as razões do Ocidente”; o senador do PDT e ex-candidato à Presidência da República, Cristovam Buarque, sobre a necessidade de uma convergência global; o embaixador brasileiro na Turquia, Cesario Melantonio Neto, tratará do conceito de tolerância no Islã; e o antropólogo e diretor do Centro de Estudos do Oriente Médio da Universidade Federal Fluminense, Paulo Hilu Pinto, falará sobre moralidade e a esfera pública na Síria.
As questões que os direitos humanos suscitam nessa “guerra de civilizações” em que o mundo está envolvido desde os atentados terroristas de 2001 nos Estados Unidos vão ser abordadas por uma série de palestras, a começar pela do filósofo italiano Gianni Vattimo, falando sobre a interdição do multiculturalismo.
Entrevista:O Estado inteligente
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