Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 06, 2007

LUIZ GARCIA - O tiquetaque da crise

Apalavra “crise” vem do grego, querendo dizer, imaginem, algo que separa ou destaca.

Não é bem o que significa para nós, a não ser que imaginemos, por exemplo, que uma crise das boas sirva para distinguir competentes administradores de horas difíceis daqueles que não o são.

Pode ter essa serventia a crise nos aeroportos.

Evitando a chatice dos retrospectos, não é difícil pular para a conclusão de que o governo Lula, pelo que fez e deixou de fazer até agora, tem de ser reconhecido como principal responsável pelo agravamento da situação.

Para começo de conversa, ao longo do primeiro mandato, não se deu conta do sucateamento da estrutura física do controle do tráfego aéreo.

Uma vez detonada a crise, mostrou-se incompetente para administrá-la. Nem destinou recursos de emergência para a modernização dos equipamentos, nem previu que a fórmula civil-militar de controle dos vôos era bomba-relógio com tiquetaque cada dia mais audível.

Nos últimos dias, ofendeu a Aeronáutica, para em seguida render-se a ela. Simultaneamente, deu força e em seguida rasteira nos controladores de vôo. Ao longo do processo deixou pendurados na broxa os ministros da Defesa e do Planejamento — o primeiro, já acostumado; o outro, estreante na desagradável posição.

Tudo bem que o governo petista herdou o problema.

Mas, se a bomba já existia, foi nas mãos de Lula que o seu ruído se tornou insuportável.

Nos últimos dias, a desordem e a humilhação de passageiros nos aeroportos desapareceram.

É calmaria frágil: os controladores de vôos mantêmse em “estado de greve” e são alvo de inquérito policial-militar.

Se houver punição de controladores militares, o que parece lógico e inevitável, o tiquetaque vira BUM! Nada, sobre a mesa ou no horizonte, é promessa de paz. Falta no tráfego aéreo o que economistas chamam de organização de investimentos. Na calmaria, nada se prevê; na crise, tudo se promete.

Foi assim, lembrava um deles outro dia, em relação à febre aftosa, à dengue, às estradas esburacadas, à segurança pública. Foi e é assim nos céus.

Daqui para a frente, a paz no setor, imediatamente, depende de serem mantidos sob controle os controladores de vôo. A médio prazo, há a óbvia necessidade de investimentos duradouros nos equipamentos dos aeroportos.

Senhores passageiros, por favor mantenham a calma.

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