Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 14, 2007

Auto-retrato Jeb Bush



John Ellis Bush é neto de um senador, filho de um ex-presidente e irmão do atual presidente americano. Jeb, como é conhecido, terminou em janeiro seu segundo mandato como governador da Flórida. Aos 54 anos, ele visita o Brasil nesta semana para um debate na condição de co-presidente da Comissão Interamericana de Etanol. Ele falou à repórter Denise Dweck.

COM SUA BAIXA POPULARIDADE, GEORGE W. BUSH ESTÁ DESPERDIÇANDO O LEGADO POLÍTICO DA FAMÍLIA BUSH?
Ele não desperdiçou nada. O presidente Bush está servindo os Estados Unidos com honra, corajosamente, e a história vai tratá-lo de forma justa. Preocupar-se com pesquisas de opinião é a última coisa que ele deve fazer. Estou orgulhoso do meu irmão.

O SENHOR DIZ QUE NÃO QUER CONCORRER À PRESIDÊNCIA EM 2008. POR QUÊ?
Não é a hora certa para eu concorrer a alguma coisa. Nunca tratei desse assunto, pois não queria prejudicar meu trabalho como governador. Terminei meu mandato recentemente e estou muito feliz no setor privado. Estou aproveitando bastante a minha casa em Miami, que adoro.

O SENHOR VÊ CONEXÃO ENTRE O ANTIAMERICANISMO NA AMÉRICA LATINA E A POUCA ATENÇÃO DADA PELO GOVERNO BUSH À REGIÃO?
A América Latina não foi ignorada. Depois dos atentados de 11 de setembro havia uma razão legítima para que a América Latina recebesse menor atenção. Somos um país em guerra. O atual esforço de diplomacia pessoal feito pelo presidente americano pode ajudar a reduzir a percepção negativa entre os latino-americanos. A viagem do presidente à América Latina mereceu reportagens positivas na região. Não foram tão positivas nos Estados Unidos porque a mídia americana é um tanto hostil ao presidente. Bush seria criticado mesmo se encontrasse a cura do câncer.

HUGO CHAVEZ JÁ CHAMOU SEU IRMÃO DE "DIABO" E DE COISAS PIORES. COMO ELE REAGE A ESSES INSULTOS?
O presidente dos Estados Unidos não dá importância a insultos pessoais.

HA 12 MILHÕES DE IMIGRANTES CLANDESTINOS NOS ESTADOS UNIDOS, MUITOS DELES BRASILEIROS. COMO TIRÁ-LOS DA ILEGALIDADE?
Uma anistia total não é apropriado. Há muitas pessoas na fila para entrar em nosso país por meios legais. Em essência, as pessoas que entram ilegalmente nos Estados Unidos são como aquelas que furam fila no cinema. É uma questão de igualdade e justiça. Por outro lado, é legítimo criar um caminho para a pessoa merecer a cidadania. Pagar impostos, por exemplo. Também precisamos de um programa de trabalhadores temporários. A pessoa viria para trabalhar e voltaria para seu país de origem ao fim de determinado período.

POR QUE O SENHOR DECIDIU PARTICIPAR DA COMISSÃO INTERAMERICANA DE ETANOL?
Por três razões. Uma é o potencial que a iniciativa tem para melhorar as relações entre o Brasil e os Estados Unidos. A segunda é a preocupação com a economia e a segurança nacional pelo fato de os Estados Unidos serem dependentes de fontes de energia de lugares cada vez menos confiáveis, seja pela instabilidade, seja pela oposição política aos Estados Unidos. A terceira razão é a preocupação crescente com o ambiente. Fui governador de um estado que passou por oito furacões em dois anos, em 2004 e 2005. Naquela época, ficou claro que nós estávamos muito dependentes de fontes de energia de fora da Flórida, e era necessária uma nova estratégia.

É MELHOR SER DEPENDENTE DE PRODUTORES DE ETANOL QUE DE PETRÓLEO?
Com certeza. Mas não precisamos ser dependentes. A beleza do etanol é que, no lugar de haver apenas algumas companhias de petróleo nacionais ou líderes de países tomando decisões sobre a produção, o que pode ter impacto na segurança nacional de nosso país, estamos falando de milhares de fazendeiros que produzem álcool. Correríamos menos risco ao produzir nosso combustível. E, observando o continente americano, prefiro receber energia do Brasil a receber da Venezuela.

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