O Estado de S. Paulo |
5/4/2007 |
Apesar do desentendimento quanto à exploração de petróleo no Irã, a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirma a abertura que o Brasil está dando nas suas relações com os Estados Unidos. Lula tem se afastado de Hugo Chávez - sabe-se agora que o presidente venezuelano deu assistência jurídica à Bolívia na desapropriação de refinaria brasileira - e há um clima novo quanto aos EUA. Isso é importante, representa um grande passo a frente. No cerne desse novo relacionamento, está o álcool. Lula queixou-se da tarifa de importação de 0,54% por galão imposta pelos EUA. Mas tanto Bush quanto Lula sabem que o Brasil não tem como suprir a demanda americana nem hoje, nem em 2008. Produzimos 18 bilhões de litros, consumimos 14,1 bilhões. Exportamos 2 bilhões para os EUA, com uma receita considerável mas apenas porque porque os preços aumentaram. Não poderíamos exportar mais. Este é o momento de instalar novas usinas e ampliar o plantio de cana. EUA TERÃO DE IMPORTAR Só para avaliar o gigantismo da demanda americana, para substituir 15% da gasolina por álcool, os EUA precisam de 132 bilhões de litros! Eles serão obrigados a importar compulsoriamente, pois sabem que não pode usar amplamente o milho como fonte produtora de álcool por causa do risco da inflação. Os preços dos alimentos à base de milho já estão muito elevados. E mesmo que produzam combustível alternativo de outras, jamais conseguirão atender à demanda. AGORA, INVESTIR E PRODUZIR Dessa forma, o que temos de fazer é instalar novas usinas, atrair investimentos externos que já estão vindo para esse setor. Assim, nos transformaremos no maior exportador de álcool e sua tecnologia para o resto do mundo. Tem havido uma grande atenção sobre o imposto americano. Os EUA são nosso principal mercado, mas não são os nossos importadores finais. Está aí o primeiro-ministro italiano pedindo apoio do Brasil, estão aí a China e o Japão, já investindo em alcooldutos. A União Européia, como um todo, será a retardatária, pois está assomada por sua bizarra crise de consciência. Faz ressalva ao uso do álcool porque teme pela redução de produção de alimentos o que prejudicaria os países mais pobres que vierem a substituir lavouras por cana-de-açúcar... Ressalvas também feitas por Hugo Chávez e Fidel Castro. A Itália e outros países da comunidade já disseram não acreditar nesse risco. Ainda mais a Europa que se encontra em posição vulnerável quanto ao abastecimento de petróleo e gás do Oriente Médio e Rússia, não poderá afastar essa nova opção criada pioneiramente pelo Brasil. ESTAMOS INDO Hoje, estima-se que em 2012 o Brasil estará produzindo de 30 a 35 bilhões de litros, permitindo, então, triplicar ou até mesmo quadruplicar as exportações sem prejuízo do abastecimento interno. Começamos muito mais cedo e eles apenas ensaiam agora os primeiros passos de uma longa caminhada para substituir gasolina por álcool. Poderíamos mesmo atender à grande parte da demanda americana se o próximo governo fixar uma cota de 15% sem o imposto atual. ÁLCOOL É MUITO MAIS É preciso ficar atento para um fato muitas vezes esquecido. Produzir 30 bilhões de litros implica em aumentar consideravelmente a demanda interna de produtos industriais e, além disso, irrigar o campo com um afluxo de recursos jamais visto em prazo tão curto de tempo. Isso é o extraordinário álcool. Mesmo antes das usinas estarem operando, a riqueza está chegando ao campo, que pode se transformar em novo fator interno de crescimento. ESTAMOS CERTOS Em resumo, estamos no caminho certo. Fechar grandes acordos com países desenvolvidos ou emergentes sedentos pelo novo combustível. Tem surgido entrevistas bizarras de economistas e técnicos que falam apenas para aparecer nos jornais. Uns, invocam a preservação do meio ambiente, a ameaça à Amazônia ignorando, ou pretendendo ignorar, que o solo amazônico não se presta a essa cultura. Outros, que vai faltar ou encarecer alimentos pela substituição de culturas. E ainda os eternos pregadores da carência de álcool para o mercado interno com privilégio para a exportação. Aí estão a Petrobrás e as usinas prontas para fazer estoques estratégicos. Mais ainda, nosso consumo interno não crescerá na mesma proporção do externo, isto é, com uma produção esperada de 35 bilhões de litros, não faltará álcool para o Brasil. Resumindo estamos sim no caminho certo nos esforçando para aumentar a produção, num círculo virtuoso de investimentos externo e interno, produção, geração de emprego, aumento do consumo e daí mais produção. Tudo isso estimulado pelo que sempre esta coluna defendeu, a estratégia de usar o sequioso mercado externo para trazer recursos e promover um crescimento sustentável. A porta está aberta e já passamos por ela. Não há nada que nos impeça de avançar, pois todos os argumentos desfavoráveis já foram desmoralizados. É seguir em frente lembrando sempre que não só os EUA, mas o mundo espera por um álcool que só nós temos como produzir em grande escala e a preços competitivos. E-mail: at@attglobal.net
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Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, abril 05, 2007
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