Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Clóvis Rossi - Chávez, Lula, Bush



Folha de S. Paulo
12/1/2007

Relatório do jornalista Richard Lapper ("Financial Times") para o "Council on Foreign Relations", sobre como os Estados Unidos deveriam lidar com a Venezuela de Hugo Chávez (escrito antes do novo surto de "socialismo do século 21"), sugere o seguinte: "Os Estados Unidos devem aproximar-se de outras potências regionais, como Brasil, Argentina, México e Chile, assim como de outros países que têm laços históricos com a região, como a Espanha, para buscar acordos sobre a forma de responder se Caracas levar a cabo ações inaceitáveis; por exemplo, se Hugo Chávez reformar a Constituição para permitir períodos presidenciais indefinidos".
É óbvio que o presidente dos EUA não precisa seguir recomendações, seja de quem for. Mas, atolados como estão no Iraque, e com o Irã a incomodar mais e mais, é também óbvio que os Estados Unidos não têm pique para envolver-se com assuntos latino-americanos. É natural que, digamos, terceirize as iniciativas para os líderes regionais, dos quais o Brasil é indiscutivelmente o principal.
Nem será novidade, aliás. Logo que caiu o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, na Bolívia, em 2005, Condoleezza Rice, a secretária de Estado, telefonou para o novo presidente boliviano, Eduardo Rodríguez, para avisá-lo de que já havia sugerido aos governos de Brasil e Argentina que ajudassem a Bolívia na transição até as eleições gerais (que resultaram na vitória de Evo Morales).
Se se repetir agora a história, cria um problemão para Lula. Não adiantará refugiar-se na clássica desculpa de que "é assunto interno da Venezuela". Não há assunto só interno entre sócios em duas empreitadas (Mercosul e Comunidade Sul-Americana de Nações).
E é muito difícil conciliar políticas quando um sócio ensaia o "socialismo do século 21", e o outro, o capitalismo de sempre.

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