Que diria o chefe do terror sobre a crise mundial?
Meus queridos irmãos, aqui, de dentro desta caverna perdida no nada, em nome de Alá, vos mando esta mensagem sobre nossa guerra santa contra os cães infiéis.
Estamos no caminho certo, queridos irmãos.
Nossa vitória começou quando lancei os aviões americanos contra a própria América, e agora quase explodimos Jumbos sobre o mar.
Alá segurou nosso plano, e nossos inimigos pensam que sofremos uma derrota, mas o triunfo continua crescendo. Vamos estragar a felicidade do Ocidente. Foi lindo ver as cadelas infiéis provando o leitinho das mamadeiras nos aeroportos, diante da polícia inglesa.
Agora, cada vidrinho de desodorante, cada perfuminho serão suspeitos, cada bolsinha Prada poderá conter a morte. Acabamos com o sossego. O grande orgulho deles sempre foi a eficiência. E estão desmoralizados, pois nunca foram tão competentes como nós, com planos perfeitos, pacientes, nossa vingança sempre foi um prato que se come frio.
A tecnologia do demônio, que é o grande orgulho dos infiéis, nós usamos contra eles: aviões, internet, fluxos bancários, tudo contra eles. Aqui a modernização (como eles chamam a heresia) não chegará. Nem democracia, nada.
Estão comemorando a prisão de irmãos mártires, que só foi possível pela traição do Paquistão.
Aquele cão do Musharraf não perde por esperar.
Temos 30 mil escolas (madrassas) ensinando nossos filhinhos queridos a serem homensbomba quando crescerem. Todos batendo com a cabecinha ali no Corão, lindos, decorando versinhos. Um dia, o Paquistão cairá em minhas mãos e, com ajuda de Alá, vamos usar suas bombas atômicas contra Israel. E, se eles revidarem com bombas nucleares também, dane-se, Alá tem um paraíso imenso onde cabem todos. Sempre cabe mais um mártir...
Bush continua a fazer tudo que eu quero, pois ele é meu homem-bomba, desde que ele atacou o Iraque, abrindo as portas do inferno na Asia e na Europa. Nunca erraram tanto. Israel caiu na mesma armadilha e mordeu a isca dos irmãos do Hezbollah (são xiitas, mas depois a gente resolve com eles...). Judeus e americanos não percebem que nossa estratégia é sempre a mesma: provocá-los com ações terríveis e fazê-los revidar. A cada revide nós crescemos, porque os idiotas ainda acham que a morte nos dá medo.
Pouco importa que inocentes no Líbano, no Iraque sejam dizimados. Confesso que até me apraz ver aqueles libaneses ocidentalizados de terno e gravata debaixo de bombas judias. O Hezbollah está destruindo no berço aquela nojenta democracia que se anunciava, depois que a Síria saiu de lá. Agora, todos os “moderados” estão do lado do santo terror, contra Israel e USA. Nunca fomos tão unidos, e quanto mais civis morrerem, mais forte fica a jihad. Graças a Alá, conseguimos evitar a ameaça de paz. Estava perigoso. O cão Ariel Sharon tinha feito o nosso jogo, quando botou o chapéu e foi à Esplanada das Mesquitas, há cinco anos, para humilhar os palestinos. Mas, recentemente, começou com trejeitos pacifistas, querendo retirada de Gaza... No entanto, graças a Alá, está entubado num hospital, como um rato congelado. Acabou o perigo da paz. Agora os israelenses jovens vão ter de desistir de seus sonhos de felicidade: eles queriam ficar ricos e cultos, enquanto nossos jovens só sonham com a submissão sagrada e com o martírio. Para cada judeu morto, dez libaneses vão morrer e, mesmo assim, o Hezbollah vencerá sempre, pois nossa vitória é a própria guerra.
No Líbano, a democracia está sendo assassinada, e o passado vai enterrar o futuro. Ficará refém do Hezbollah para sempre e sob as armas da Síria e do Irã, enquanto os judeus perderão a marca de vítimas que lhes trouxe o holocausto, pois ficarão com fama de exterminadores desalmados...
Israel está banalizando a imagem do massacre, que é tudo que queremos.
A partir de agora, com o apoio de Bush, eles só vão errar. Quanto mais ódio tiverem, melhor para nós... Caíram na minha isca e só farão o que eu desejo.
Estamos combatendo a democracia e a insuportável “razão” ocidental. A “razão” é uma invenção de cães infiéis europeus.
Eles vão perder a cabeça e partir para a ignorância.
O irracionalismo vai florir, graças a Alá... Os cães infiéis vão chegar à bomba atômica, não há dúvida; não lhes deixo outra saída senão bombardear o Irã e a Síria; tecnicamente, pela lógica da estratégia militar, é a única saída para eles.
É tudo que eu quero, irmão, o martírio nuclear.
As bombas querem explodir. Vamos ajudálas a viver...
Quando a máquina da boçalidade se desencadeia, ninguém segura a produção de erros.
Eles achavam que chegariam a um futuro de paz e progresso. Idiotas. Nós já estamos no futuro.
Nosso futuro é hoje. Não há passado. Não há este tempo ocidental. Moramos na História imóvel, dentro da verdade incontestável. Nós somos o bem. Eles acham que têm a beleza da democracia, mas nós temos a teocracia. Eles têm a ilusão da liberdade. Nós nem sabemos o que é isso, somos um formigueiro de fiéis. Somos todos um só. Estamos viajando no tempo. Brevemente, estaremos de volta ao século VIII, quando o doce profeta Maomé nasceu para nos guiar...
Eu tracei um destino para o século XXI. Um homem magro e sujo, no deserto, mudou o mundo ocidental. Não é belo isso? (Alá me perdoe a vaidade...) Foi tudo tão fácil, tão simples, basta ter imaginação... Nossos líderes se divertem bolando novos atentados aqui nas cavernas... Derrubar a Torre Eiffel ou a de Pisa?? Envenenar águas das cidades, antrax na Broadway? O mundo virou um tabuleiro de xadrez, um videogame...
Eu acabei com a idéia de “finalidade”. O projeto deles agora é procurar bombinhas em aviões, localizar bueiros com bombas e cartas venenosas.
E tem mais: o clima que criamos no mundo está infeccionando tudo. Até na América Latina, um irmão gordo e boçal — o Chávez — está nos imitando. Já veio beijar o Irã e a Síria.
Até na violência das cidades, os miseráveis e traficantes das favelas também nos imitam.
O terror é o hype...
O suicídio é uma arma invencível. Vamos obrigar o Ocidente a se suicidar... Ala u akbar!...
