Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 13, 2006

ELIANE CANTANHÊDE Nem engavetador nem caluniador

FOLHA
BRASÍLIA - A denúncia do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, tem um peso enorme. Ratifica o relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-RS) na CPI dos Correios, confirma a existência do "mensalão" e dá nome aos bois, ao falar em "quadrilha" e "organização criminosa". A cúpula da CPI estava ontem de alma lavada.
O procurador Souza não é do PFL, nem do PSDB, nem do PPS, nem do PDT -aliás, foi indicado para o cargo pelo próprio Lula. E, ao que conste, também não é jornalista, da "elite", nem "golpista". Ele é, pura e simplesmente, um procurador com fama de durão e independente -como convém a um bom procurador.
Se há um ponto positivo para Lula em todas essa profusão de esquisitices produzidas pelo seu governo é justamente aí, na Procuradoria Geral da República. Cláudio Fonteles já tinha sido um bom avanço. Souza é uma ótima surpresa para quem é de fora; quem é da casa sabia que ele não ia jogar nada debaixo do tapete.
Ou, para resgatar expressões do governo FHC: Fonteles e Souza não entram para a história como "engavetadores gerais da República", como Geraldo Brindeiro, nem como "caluniadores gerais da República, como Luiz Francisco de Souza -os dois pólos da partidarização da Procuradoria na era tucana. Aparentemente, isso ficou no passado.
Agora, com os pareceres da CPI e do Ministério Público, a bola está com o Supremo Tribunal Federal. Nem pensar em decisões ao longo de 2006, em plena campanha eleitoral. Só com o novo governo eleito e empossado é que haverá a decisão sobre abrir ou não processo criminal.
Dos 40 denunciados, 37 vão continuar a vida, podendo, em tese, até disputar as eleições, ganhar e assumir o mandato. Ficam de fora os cassados: Pedro Corrêa, Roberto Jefferson e José Dirceu.
Tudo, aliás, caiu nas costas dele, o "chefe" do esquema, segundo o procurador-geral. É como se ele próprio, Dirceu, nunca tivesse tido um chefe.

@ - elianec@uol.com.br

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