Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 13, 2006

CASO VARIG

EDITORIAL DA FOLHA

Infelizmente , a Varig, que consolidara sua marca na aviação brasileira e internacional, está sucumbindo. O conjunto de agentes envolvidos -Fundação Rubem Berta, credores, funcionários- não foi capaz de articular alternativa viável para a reorganização da empresa.
Diferentes modelos de recuperação foram propostos, mas todos acabaram abortados. No início do governo Lula, tentou-se a fusão entre a Varig e a TAM. O projeto malogrou, e a união foi desfeita. Em 2005, a empresa procurou proteção na nova Lei de Falências. O plano de recuperação judicial previa a demissão de trabalhadores, a redução da frota de aeronaves e a venda de subsidiárias.
Com ativos estimados em US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,2 milhões) entre espaços nos aeroportos -domésticos e internacionais- e licenças para voar, a empresa passou a deter menos de 20% do tráfego aéreo nacional. Suas condições econômico-financeiras foram entrando em franca deterioração, com dificuldades crescentes para recuperar suas posições e honrar seus compromissos. A Varig passou a acumular dívidas de mais de R$ 10 bilhões.
Após esse longo processo de agonia, não cabe ao governo articular um plano de salvamento que envolva aporte de recursos públicos. Deveria, sim, se coordenar com os demais credores -bancos, empresas de leasing de aviões e o fundo de pensão da companhia- numa tentativa de recuperar os créditos devidos. O Fisco é credor de metade da dívida da Varig. Há ainda débitos da empresa com as estatais Infraero (administradora dos aeroportos) e BR Distribuidora (fornecedora de combustível).
A tarefa primordial do governo neste momento é preservar a oferta do serviço aos passageiros. Além disso, deve tentar matizar as perdas dos participantes do fundo de pensão da companhia, que acabou deixando de receber aportes devidos da empresa.
Parece inevitável que uma das resultantes da agonia da Varig seja, lamentavelmente, a demissão de parte considerável de seus 11 mil trabalhadores. É provável, no entanto, que uma parcela seja paulatinamente recontratada pelas companhias aéreas restantes. Elas terão de se expandir um pouco mais para assumir as linhas da Varig no caso de o desfecho dessa triste narrativa ser mesmo o encerramento de suas atividades.

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