Entrevista:O Estado inteligente
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sábado, abril 09, 2005
VEJA -Tales Alvarenga:O papa reacionário
O papa morreu como uma celebridade global, a maior delas. Nunca um religioso, um rei ou um presidente convocou a admiração mundial com tamanha intensidade na hora da morte. Mais impressionantes do que isso são a sobrevivência e a pujança da própria Igreja Católica após 2.000 anos de existência. É a mais antiga multinacional do planeta. Seu governo é piramidal como o de um exército e seu regime de domínio se assemelha ao das monarquias absolutas.
O bilhão de praticantes do catolicismo acredita que sua Igreja está entrelaçada ao divino, o que não impede que outros 5 bilhões de seres humanos achem que a divindade verdadeira iluminou as suas igrejas particulares – e não a do papa de Roma. Não importa. Mesmo como construção simplesmente humana, a Igreja Católica já representaria quase um milagre de poder, referência moral e sobrevivência. Imaginar no seu nascimento que ela poderia superar os obstáculos que se colocariam diante dela por dois milênios seria um impossível exercício de futurologia. A Igreja nasceu como religião de pobres, tornou-se poderosa e ostentatória, abençoou guerras de extermínio, supliciou os que discordavam de suas teses nas masmorras da Inquisição e atravessou períodos de intensa corrupção moral. As denúncias sobre assédio sexual a meninos por parte de sacerdotes católicos nos últimos anos causaram repugnância ao atingir escala de epidemia. Mas isso é comparativamente quase nada na lista de desafios que a Igreja precisou ultrapassar para não desaparecer.
No livro A Marcha da Insensatez, a historiadora americana Barbara Tuchman dedica setenta páginas a seis papas da Renascença cujo comportamento depravado ajudou a deflagrar uma das maiores revoluções culturais da história da humanidade, a Reforma Protestante. O cardeal Rodrigo Bórgia assumiu a mitra papal em 1492, como Alexandre VI, carregado de amantes e com sete filhos. Comprou o papado com lingotes de ouro. Promoveu orgias sexuais impublicáveis. Júlio II, seu sucessor, usava elmo e cota de malha e, de espada na mão, se punha à frente do Exército papal em guerras de conquista. São apenas dois exemplos de um ambiente de esbórnia que maculava a Igreja, do trono do papa à paróquia de padres ignorantes que tinham amantes e subiam bêbados ao púlpito. A Igreja sobreviveu e a comoção provocada pela morte de João Paulo II demonstra que os pontos negros por ela atravessados podem ser hoje encarados como dolorosos acidentes de percurso que não tiveram o poder de destruí-la como referência moral.
O sucesso de João Paulo II é em grande parte o resultado de sua habilidade no manuseio do teatro da comunicação num momento de dominância global da mídia, principalmente a televisão. Nem por isso o fenômeno é menos impressionante. Karol Wojtyla era um religioso conservador, um papa que se poderia considerar reacionário num mundo crescentemente inclinado ao materialismo, à racionalidade da ciência e da técnica, ao consumismo capitalista e ao esquecimento do sagrado. Wojtyla defendia princípios que estão na tradição da Igreja, mas se confrontam com os usos e costumes das sociedades atuais. Pelo que se viu em Roma nos últimos dias, o mundo o compreendeu.
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