Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 02, 2005

Folha de S.Paulo - Fernando Rodrigues: Governo à deriva - 02/04/2005

BRASÍLIA - Foi ótimo para os contribuintes, mas péssimo para a articulação política do governo Lula, o recuo a respeito da MP 232. Havia três meses que a área econômica insistia que era preciso aumentar impostos para, em troca, atualizar monetariamente em 10% a tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física. No Congresso, discursos constrangedores eram realizados a cada dia para sustentar esse ponto de vista. De um dia para o outro, Lula decidiu que poderia ceder. Rifou todos os negociadores de uma vez. Saíram torrados do episódio o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Agora, quando o Palácio do Planalto quiser aprovar algo polêmico, a oposição já sabe o caminho. É só gritar bem alto, mobilizar corporações interessadas e ficar esperando até que Lula volte a piscar. Não tem erro. É um suicídio político essa forma de tomar decisões. No início do mandato, quando a figura do presidente se confundia com a de um salvador da pátria, tudo passava no Congresso. Agora, a história é outra. Desde a nomeação de Aldo Rebelo, em janeiro de 2004, a relação do Planalto com o Legislativo vem se deteriorando. A ressalva a ser feita é que Aldo Rebelo é o menor culpado nessa história. Faz o que pode. José Dirceu não quis lhe repassar o direito de forçar a liberação de emendas. Lula não deu a Aldo poder para nomear aliados. É um ministro cujo único instrumento é a conversa. A chance de piorar a relação entre Lula e o Congresso não é desprezível.


Bernard Appy arrematou o troféu "eu cheguei de Marte agora" ao dizer: "Ficou muito claro que o espaço para medidas que aumentem a carga tributária no Brasil hoje não existe".

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