A Câmara dos Representantes não tinha opção: sem o pacote de US$ 850 bilhões de ajuda do Tesouro dos Estados Unidos, a crise de confiança que abala o sistema financeiro americano e parte do mundial acabaria levando o país a uma profunda e incontrolável depressão, carregando junto grande parcela do planeta, ou todo ele.
Com uma crise dessas dimensões, a procura por títulos do Tesouro aumentou significativamente, pois ele se tornou o único porto seguro diante das incertezas em relação à solvência das instituições privadas.
A corrida tem sido tão intensa que a rentabilidade dos títulos passou a ser negativa, abaixo da inflação. E assim o crédito começou a sumir.
Uma crise de confiança nessas proporções empurra para o precipício até mesmo instituições que poderiam ser consideradas financeiramente saudáveis, pois o sistema financeiro funciona de maneira solidária. Uma empresa depende da outra. Quando há uma crise sistêmica, ninguém está seguro. Haja vista os bancos que já quebraram na Europa — também foram socorridos pelo poder público —, e os sinais de problemas de liquidez no Brasil. Tanto que os prazos, por exemplo, no financiamento de veículos, já encolhem, e passou a ser exigida uma parcela de entrada aos compradores. Acertadamente, o BC, pela segunda vez, reduziu o recolhimento compulsório bancário, e agora criou estímulo para as instituições maiores adquirirem crédito das menores.
O desaparecimento do dinheiro chegou ao ponto de estados americanos como a Califórnia e Nova York encontrarem dificuldades para se financiar. Arnold Schwarzenegger, governador californiano, enviou ontem um e-mail ao secretário do Tesouro, Henry Paulson, pedindo um empréstimo de emergência de US$ 7 bilhões, informou o “Los Angeles Times”. Portanto, estancar essa crise se tornou uma questão vital para todos. Não por acaso os mercados dos vários continentes operaram na sexta-feira antenados com o que estava acontecendo nos bastidores políticos de Washington, à espera do pacote.
É da tradição da política americana que presidentes em fim de mandato, sem possibilidade de reeleição, percam poder e influência junto ao Congresso. São chamados no jargão político de “patos mancos” (lame ducks). George W. Bush não foge a essa tradição, ainda mais que sua política fiscal, com déficits orçamentários gigantescos, muito decorrentes das despesas com as guerras que enfrenta, é apontada como um dos combustíveis da crise. Desse modo, a aprovação do pacote no Congresso exigiu uma negociação política peculiar, envolvendo diretamente os dois candidatos à sua sucessão, os senadores Obama e McCain. E isso em meio a uma campanha que envolve os próprios parlamentares, pois os deputados e um terço dos senadores estão também em fim de mandato.
A primeira rejeição por parte da Câmara dos Representantes detonou um princípio de pânico nos mercados, o que acabou contribuindo para uma reflexão na opinião pública americana sobre a gravidade da situação. A discussão conceitual, mais política e ideológica, foi substituída por um debate pragmático sobre o que fazer.
Os problemas estão solucionados com o pacote? Provavelmente não. Mas sua função é atenuar a crise de confiança, dando tempo para ser feito o inventário do tamanho da reparação efetivamente necessária para o sistema financeiro americano se recuperar do estouro da “bolha” imobiliária. E, por decorrência, o mundial
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2008
(5781)
-
▼
outubro
(601)
- VINICIUS TORRES FREIRE O porrete e o tapinha do BC
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS Um horizonte mais ...
- Balanço parcial Miriam Leitão
- Uma derrota triunfal NELSON MOTTA
- Uma escolha LUIZ GARCIA
- Menos promessas KEVIN WATKINS
- O GLOBO EDITORIAL, Gasto prioritário
- O GLOBO EDITORIAL, Outro patamar
- Os dólares do Fed Merval Pereira
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, Inovação contra a...
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, Privatização, ape...
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, O nó da greve na ...
- O Estado de S. Paulo EDITORIAL, Posição do Copom...
- DORA KRAMER Civismo pelo avesso
- CELSO MING Reforço contra a crise
- No país da maionese Por Ralph J. Hofmann
- VINICIUS TORRES FREIRE O mundo raspa o fundo do t...
- Fundo caduco Miriam Leitão
- Sonho americano CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- O GLOBO EDITORIAL, Sem limites
- O GLOBO EDITORIAL, Escolha sensata
- Merval Pereira - Surpresas das pesquisas
- Mais um ''esqueleto'' financeiro
- Deputados aperfeiçoaram a MP 442
- A manchete errada Demétrio Magnoli
- O Kosovo da Amazônia Predrag Pancevski
- A dobradinha do Fed com o FMI Rolf Kuntz
- CELSO MING Perto do limite
- DORA KRAMER Ao vencedor, o desmanche
- PODCAST Diogo Mainardi Lula é PMDB
- Schopenhauer e Freud Por Laurence Bittencourt Leite
- Demóstenes Torres - A porta da rua é a serventia ...
- Um futuro político muito duvidoso Por Giulio Sanm...
- VINICIUS TORRES FREIRE O grande feirão de dinheir...
- ALEXANDRE SCHWARTSMAN Contágio e conseqüência
- Miriam Leitão Água e vinho
- O fator econômico Merval Pereira
- O eleitor e os eleitos ROBERTO DaMATTA
- Um tiro no pé de salto alto José Nêumanne
- Como se nada fosse mudar O Estado de S. Paulo EDI...
- Os perigos do e-lixo Os perigos do e-lixo Taman...
- Diplomacia da inconseqüência O Estado de S. Paulo ...
- Virando a mesa Celso Ming
- A hipocrisia e o mito da ''verdadeira América'' R...
- DORA KRAMER O infiel da balança
- Augusto Nunes-Os 1.640.970 do Rio de Janeiro
- Krugman: o círculo que se alarga Paul Krugman
- Krugman: Buscando a seriedade desesperadamente
- O QUE O PT QUERIA E O QUE CONSEGUIU Por Reinaldo A...
- VINICIUS TORRES FREIRE A bordo do trem fantasma
- CLÓVIS ROSSI O fim dos "ismos"?
- Na oposição, PT contestou criação de subsidiárias ...
- Nunca na história deste país... José Pastore*
- Celso Ming - Alívio passageiro
- DORA KRAMER Mudando de Conversa
- ''Lula e PT foram derrotados no domingo''
- O FMI volta à linha de frente O Estado de S. Paul...
- Os salários e a crise O Estado de S. Paulo EDITORIAL,
- A última eleição antes da crise O Estado de S. Pau...
- Miriam Leitão Política na crise
- Adote um vereador ANDREA GOUVÊA VIEIRA
- O partido do movimento LUIZ GARCIA
- Quadro decadente Merval Pereira
- Rubens Barbosa,O PIOR DOS MUNDOS
- Gabeira:"Amanhã, posso voltar a usar bermuda e chi...
- GEORGE VIDOR - Nem pensar
- Desmatamento zero DENIS LERRER ROSENFIELD
- Zerar o déficit e travar os juros PAULO GUEDES
- Crise - onde estamos e para onde vamos Nathan Bla...
- Um Titanic do capitalismo moderno... Marco Antoni...
- Reinaldo Azevedo A CONSPIRAÇÃO DOS 4 MILHÕES DE RI...
- Reinaldo Azevedo A MINHA LISTA PESSOAL DE QUEM GA...
- Rio - Gabeira, um candidato na contramão -Ricardo ...
- Ricardo Noblat -Glossário da eleição de 2008
- Blog Noblat, Pobre cidade linda
- Miriam Leitão 79 anos, estes dias
- Em busca do mercado Merval Pereira
- Pré-sal e etanol, vítimas da crise Merval Pereira
- José Roberto Mendonça de Barros:''A atividade terá...
- Gustavo Loyola,''Aqui a crise é de liquidez e loca...
- DANUZA LEÃO É hoje!
- FERREIRA GULLAR Cidade suja, querida cidade
- RUBENS RICUPERO Moral da crise
- VINICIUS TORRES FREIRE O inferno escancara outra ...
- CLÓVIS ROSSI Funcionário x financista
- Petropopulismo em xeque
- Jogo por jogar Folha de S.Paulo EDITORIAL,
- Joaquín Morales Solá La última amenaza de los Kirc...
- O que dizem as mãos João Ubaldo Ribeiro
- Guetos mentais Daniel Piza
- Transparência zero Suely Caldas*
- Decisão complicada Celso Ming
- Dora Kramer - Rápidas e rasteiras
- Alerta do FMI para a América Latina O Estado de S....
- Nova carta de valores do eleitor Gaudêncio Torquato
- O governo gera a instabilidade Paulo Renato Souza
- O pré-sal fica adiado O Estado de S. Paulo EDITOR...
- Risco maior é a incompetência O Estado de S. Paul...
- Augusto Nunes-SETE DIAS
- Já pensou?(s/comercial da VALE c/Joao Gilberto )
-
▼
outubro
(601)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA