A diferença veio, de um lado, das exportações - para as quais a média diária foi inferior aos meses anteriores -, mas também do aumento das importações. No caso das exportações, houve queda das operações de Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC), cuja média diária caiu 51,3% em relação a setembro e 45,2% em relação a outubro do ano passado.
Assim, apesar da taxa cambial muito mais favorável para a exportação, não foi possível conseguir um crescimento das vendas externas, levando em conta que um contrato de exportação é realizado pelo menos um mês antes do embarque do produto.
As importações aumentaram mais do que nos meses anteriores, refletindo a taxa cambial de algumas semanas atrás.
Talvez a constatação de um déficit muito maior do que no passado seja o fator mais preocupante. Não dispomos ainda de informações sobre os investimentos diretos estrangeiros, que, com certeza, devem ter sido suspensos até que a situação internacional se mostre menos confusa.Tudo indica que as empresas anteciparam remessas de lucros e dividendos e, dada a queda das cotações, registra-se uma forte saída do mercado bolsista.
O fator novo a considerar é a venda de dólares pelo Banco Central (BC) para conter a desvalorização da moeda nacional. No dia 8 de outubro, o BC voltou a realizar leilões de venda de dólares, que estão contribuindo para aumentar a saída de divisas do País e representam uma redução das reservas.
Diante de todos esses fatores, as autoridades monetárias consideram urgente dirigir o máximo possível das entradas de capitais estrangeiros para o financiamento do comércio exterior para que a desvalorização tenha pelo menos uma conseqüência positiva.
O BC deve procurar intervir no mercado cambial de maneira cautelosa, a fim de não reduzir demais as reservas que, embora elevadas, poderiam ser consumidas rapidamente no mercado spot e, também, para não favorecer algumas operações que parecem ter caráter especulativo.