EDITORIAL |
O Estado de S. Paulo |
3/10/2008 |
O céu parece ser o limite para a aprovação ao governo Lula e a avaliação positiva da figura do presidente da República. Nos dois quesitos, os índices favoráveis aumentam de pesquisa para pesquisa, como mostram os três levantamentos diferentes realizados no decorrer de setembro. Conforme o instituto, a satisfação com o governo ou não tem precedentes desde que esse tipo de sondagem começou a ser feito sistematicamente no Brasil ou só é menor, por apenas 3 pontos porcentuais, do que os 72% obtidos pelo governo Sarney em 1986, no auge do Plano Cruzado. Não é só que nunca antes neste país se viu coisa igual: com toda a probabilidade, Lula deve ser o dirigente mais popular do mundo, ao menos entre os países democráticos. E isso depois de 5 anos e 9 meses no poder, um período suficientemente longo para os governados passarem a dar sinais de cansaço com os seus governantes. As razões para a Lulolatria são conhecidas - os êxitos na economia, os avanços na área social e a onipresença pública de um presidente cujas origens e estilo, em síntese, levam a grande maioria da população a considerá-lo “um de nós”. Lula explora admiravelmente esse sentimento. Para citar o mais recente de uma infinidade de exemplos do gênero, em um dos seus últimos discursos, num comício do PT, Lula explicou por que não lhe faz falta um diploma universitário para conduzir uma nação. “Eu tinha o maior conhecimento que um político tem que ter”, argumentou. “Eu tinha e tenho exatamente o sentimento da alma do povo brasileiro. Sei exatamente o que sentem as pessoas.” Não se pode subestimar, em todo caso, outro motivo para o encantamento com ele e o seu governo: o otimismo em relação ao futuro da economia, prolongando até onde a vista alcança o “momento mágico” em que vive o País. Somente 9% dos entrevistados na terceira daquelas pesquisas, a do Ibope, acham que sua renda diminuirá nos próximos 6 meses. No levantamento anterior da série, os pessimistas eram 16%. O padrão se repete quando dos prognósticos sobre a tendência do nível de emprego e a evolução dos preços. E é nítido o nexo entre as expectativas em alta e o aumento da aprovação às políticas antiinflacionárias e de combate ao desemprego. As pessoas em geral talvez não consigam dizer no que consistem essas políticas, mas têm a experiência própria a guiar a sua percepção - e a confiança nas palavras radiosas do presidente que, afinal de contas, não as desapontou com a promessa do espetáculo do crescimento. Lula utiliza à farta o seu patrimônio de credibilidade para acenar com o advento de uma realidade muitas vezes mais empolgante - a redução radical da pobreza a ser proporcionada pelos fabulosos recursos do petróleo do pré-sal - que o governo dá como assegurados. Monopolizando a interlocução com o povo, o presidente sabe que não ecoam as vozes dos que advertem para os riscos de contar com o bilhete premiado quando o sorteio ainda não ocorreu. Também por isso há de confiar em que o debate público que preconiza para a definição do modelo de exploração das jazidas dificilmente produzirá um resultado que colida com as suas inclinações a respeito. Lula, em suma, detém a hegemonia política - no sentido amplo que a ciência política dá ao termo. Ela só não se exerce como ele decerto desejaria quando está em jogo a decisão de voto nas eleições municipais de domingo. Numa eloqüente manifestação de maturidade, o eleitorado demonstra que não se deixará conduzir à urna eletrônica pelas mãos do presidente, ainda que o consagre e louve a sua gestão. Solicitados pelo Ibope a apontar os fatores que mais levarão em conta para se decidir, os entrevistados relegaram ao sétimo lugar, com apenas 8% das menções, o apoio de Lula a esse ou aquele candidato. Isso recomenda encarar com sobriedade a crença no milagre da transferência de votos. Se Lula, que dirá de outros, tivesse poderes para eleger “um poste”, principalmente em disputas locais cujo desfecho o eleitor sabe que afetará de perto o seu dia-a-dia, os seus preferidos nas maiores cidades - nenhum deles um poste, por sinal - teriam todos assegurada a vitória já no primeiro turno. A grande questão é saber se a popularidade de Lula, a manter-se até lá, decidirá a sua sucessão em 2010. |
Entrevista:O Estado inteligente
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