Entrevista:O Estado inteligente

sábado, outubro 18, 2008

FERNANDO RODRIGUES Vai chover dinheiro

NOVA YORK - As Bolsas de Valores não despencaram ontem. Não faz a menor diferença. A crise ainda vai longe. A melhor descrição do momento surgiu numa charge publicada na mídia norte-americana.
Um homem barbado e usando uma túnica branca passeia com um cartaz dizendo: "O fim está próximo".
Passa ao seu lado um operador do mercado. Desesperado com a queda do preço das ações, o financista lê o cartaz e diz: "Otimista".
Outro indicador dos tempos estranhos se evidencia quando adversários ideológicos da vida inteira passam a prescrever soluções semelhantes. Por exemplo, Alan Greenspan e Paul Krugman.
No sábado passado, o ex-presidente do Fed Alan Greenspan abriu o coração num jantar com banqueiros. Recomendou ao governo a promoção de uma enxurrada de dinheiro no mercado. Se faltarem recursos, sem problemas: coloca-se a máquina para imprimir dólares. E a inflação? Esse é um bom problema para se discutir lá na frente, respondeu o mais liberal dos economistas dos EUA.
Pois ontem Paul Krugman recomendou exatamente a mesma coisa: torrar dinheiro público. Em seu artigo para o "New York Times", escreveu: "Agora, aumentar os gastos governamentais é exatamente o que o médico ordena. Preocupações com o déficit orçamentário devem ser colocadas de lado".
Krugman fez carreira com trabalhos derrogatórios sobre a maneira liberal de conduzir a economia. Ganhou um Nobel por essa sua posição, mas nunca abandonou o discurso sobre a necessidade de controlar os gastos do Estado.
Greenspan passou 19 anos à frente do Fed toureando a inflação.
Agora, rasgou a fantasia.
É um alento haver uma certa convergência sobre como tirar a economia do atoleiro. Mas os doutores ainda não têm idéia de quanto tempo vai levar até curar o doente.

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