Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, outubro 07, 2008

Crise perturbadora O GLOBO EDITORIAL

O capital é covarde, dizia o saudoso professor Mário Henrique Simonsen, ao explicar certas situações em que os investidores batem em retirada contrariando até mesmo a lógica econômica.

Ontem, as bolsas de valores no mundo inteiro despencaram ao sinal que a crise financeira poderia estar se agravando também na Europa.

É claro que a reação foi mais decorrente do nervosismo que passou a dominar os mercados financeiros do que propriamente reflexo de uma situação real. Instituições financeiras têm em carteira papéis lastreados no setor imobiliário americano, porém em volume e proporções que obviamente não se comparam aos que desequilibraram o sistema nos Estados Unidos. Na Europa também não se formou uma “bolha” imobiliária tão grande, como a que ocorreu nos EUA.

O problema é que esse ambiente de crise na área financeira começou a contaminar a economia real. As operações de crédito estão travadas, especialmente em moeda estrangeira, o que pode prejudicar, por exemplo, o comércio exterior brasileiro.

O ajuste na cotação do dólar frente ao real até funciona como um desestímulo a transações especulativas envolvendo remessas de recursos para o exterior, mas essa alta na paridade foi mais conseqüência da retenção de moeda estrangeira por parte de quem a detém do que por uma saída de capitais.

Nesse sentido, assim como o Banco Central teve de atuar meses atrás retirando de circulação um excesso de moeda estrangeira na economia brasileira, agora as autoridades têm condições de dar tranqüilidade aos agentes econômicos oferecendo temporariamente divisas .

Não se pode afirmar que o pacote de ajuda aprovado semana passada pelo Congresso americano não surtiu o efeito desejado. A “limpeza” das carteiras das instituições financeiras lá será gradativa e, dessa forma, acredita-se que a melhora virá aos poucos.

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