Com o final do governo Cesar Maia e a derrota de sua candidata, Solange Amaral, do DEM, encerrase um longo ciclo de poder no Rio exercido diretamente pelo prefeito durante três mandatos e, indiretamente, no decorrer de parte da gestão de Luiz Paulo Conde, seu aliado e, depois, adversário.
A ida para o segundo turno de Eduardo Paes, do PMDB, ex-secretário do governador Sérgio Cabral, e Fernando Gabeira, do PV, apoiado pelo PSDB e o PPS, reafirma a vocação carioca de abrir-se ao novo, pois, no início da campanha, o desfecho que teve o primeiro turno era improvável. A vitória de Paes e Gabeira significou a derrota de alguns projetos. Um deles, a conhecida e indesejada intenção de um grupo de patrocinar uma ocupação religiosa do Estado, a qual, se vitoriosa, significaria um dramático recuo na sociedade brasileira, acostumada à contemporânea idéia de que igreja e poder público devem ser mantidos em esferas estanques.
Mais uma vez o Rio repudiou forças retrógradas que tentam controlar o Estado com objetivos que não são aqueles de amplo interesse da população, e não apenas carioca.
Também saíram derrotadas propostas populistas, contaminadas de visões estreitas como as que querem dividir a cidade entre bairros de “ricos” e “pobres”. Não bastasse ser um tipo de percepção ideologicamente equivocada, por tentar explorar tensões de classe inexistentes, é míope. Afinal, se há uma cidade em que pessoas dos mais diversos níveis sociais convivem nos mesmos espaços, esta é o Rio. Esse indigesto caldo de cultura político-ideológico gera subprodutos venenosos, como a tendência, observada na campanha, de alguns candidatos admitirem a degradação do Rio pelo avanço da informalidade, em nome de uma questionável sensibilidade social. E ainda coonestarem um dos agentes da desordem na cidade, o chamado transporte alternativo, braço do crime organizado. Chegou-se ao ponto de se assumir o compromisso de suspender a fiscalização da atividade (!).
Afastadas essas ameaças, esperase, agora, que Eduardo Paes e Fernando Gabeira centrem a campanha do segundo turno em questões objetivas e propostas concretas de governo que sirvam de resposta ao momento difícil que a cidade vive: vítima do desfecho negativo de um governo que pareceu se desinteressar pela tarefa de administrar — talvez por causa da fadiga de material causada pelo extenso período de hegemonia de uma mesma força política —, e cercada pela ação do crime organizado, inclusive com demonstrações de força como a montagem de uma bancada na Câmara dos Vereadores, aproveitando-se de inaceitáveis brechas na legislação eleitoral.
Além de combater essas heranças negativas, o novo prefeito terá de tratar do futuro, em cuja agenda se destacam preparar a cidade para ser a mais importante sede de chave na Copa de 2014 e disputar mais uma vez a organização dos Jogos Olímpicos.
O resultado do primeiro turno alimenta a esperança de que se venha a ganhar uma administração mais atenta às demandas da população, e que blinde a cidade contra os efeitos perniciosos da luta políticopartidária.
Entrevista:O Estado inteligente
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