Jornal do Brasil |
9/1/2008 |
Há muito tempo, desde meados do ano passado, não se tem a menor notícia sobre o ministério criado pelo presidente Lula no derradeiro anexo ao maior ministério de todos os tempos, para abrigar o filósofo Mangabeira Unger, o mago que iria prever o futuro radioso para o Brasil, apontando as rotas, seus desvios e riscos em planejamento científico, vitaminado pelas artimanhas de feiticeiro com título acadêmico e uma coleção de diplomas, títulos e crachás de fazer inveja aos demais luminares da equipe oficial. Pois, tudo sumiu, desapareceu no espaço, a começar pelo ministro, depois de sumárias informações do titular sobe a necessidade de completar nos Estados Unidos o tratamento de enfermidade que o apoquenta. Além de matar as saudados da família que não o acompanhou na singular aventura. Para aproveitar a súbita vocação política, devidamente acoplada às glórias e distinções de professor emérito de universidades americanas, o aspirante a ministro saltou a cerca do constrangimento de duríssimas críticas ao presidente Lula, com acusações cabeludas que justificariam um processo por difamação ou o desafio para apresentar as provas e documentos. A lábia do sangue baiano diluído nas veias cosmopolitas regou as desculpas na nobreza da conversa com o presidente, conquistado até o deslumbramento com a possibilidade de criar a 37ª pasta ministerial ornamentada por um catedrático brasileiro que fala português com sotaque americano. Do gabinete do presidente do Palácio do Planalto, o professor Mangabeira Unger saiu ministro para a pasta a ser criada juntamente com o decreto de nomeação. E o governo nada negou ao novo astro da Esplanada dos Ministérios para pavimentar o êxito internacional que iluminaria a imagem do país e do seu chefe e na fulgurante ascensão ao grupo seleto dos líderes do mundo. Na única escorregadela no sabão da arrogância, Lula não concordou com a pretensão do novo ministro de um gabinete ao lado do seu. A desculpa para a imprensa foi a mais simplória e rotineira: falta de espaço nas dependências palacianas superlotadas com a crescente nomeação de assessores não se sabe exatamente para quê. Mas, justiça seja feita: o ministro encaixou a recusa com a elegância de goleiro de seleção. Transferiu a peleja para o gramado apropriado, com anexos nas vagas possíveis. E atendeu à clássica etiqueta burocrática que mede a importância do chefe pelo numero de funcionários da sua repartição. Ora, o ministro Mangabeira Unger jogou com trunfos decisivos: os convocados para o planejamento do futuro próprio são especialistas da mais alta categoria, com títulos e prêmios nas suas especialidades. Instalado o trigésimo sétimo ministério, correu a cortina do silêncio, tal como se exige para o trabalho intelectual de tão delicada tarefa. Ora, num governo que está sempre enrolado numa crise, às voltas com denúncias e implicância da oposição, com o Congresso no centro do picadeiro durante meses do romance do presidente do Senado, senador Renan Calheiros, com a repórter Mônica Veloso, mãe de uma filha de 4 anos, é fácil passar despercebido quando não há o que mostrar. O ministro Mangabeira Unger e o ministério desapareceram do noticiário. Só agora foi lembrado, no rescaldo da derrota do governo no Senado, com a recusa da prorrogação da cobrança da CPMF, o imposto do cheque até 2011, como um das possíveis vítimas de extinção no enxugamento da obesa maquina burocrática. É cedo para anunciar o seu sacrifício, que fecharia o curto e singular episódio de um ministério e seu ministro, sumariamente despachados antes que a população chegasse a tomar conhecimento da sua existência. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, janeiro 09, 2008
Villas-Bôas Corrêa :O ministério do futuro sumiu
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