Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, novembro 15, 2007

Silêncio, queremismo e o destino do “líder”

Ok, feriadão e coisa e tal. Até por isso, as oposições — PSDB e DEM — já deveriam ter se manifestado publicamente sobre a fala de ontem de Lula. Segundo disse, a Venezuela é uma democracia, e não há nada de errado em que Chávez permaneça no poder desde que tenha o apoio do tal “povo”. E insistiu, o que é uma estupidez calculada, em não ver diferenças relevantes entre parlamentarismo e presidencialismo. A justificativa da ditadura venezuelana é o menos relevante; é só o que sai no xixi da argumentação. O que interessa é que o Apedeuta, com ar professoral e virando os olhinhos de impaciência, estava falando de si mesmo e dando sinal verde para uma nova campanha “queremista” tão logo se vote a CPMF.

Vejam no site do Jornal da Globo (clique aqui). Lula está tão obcecado com a idéia, que acabou se traindo. Ao falar do próprio mandato, num ato falho, afirmou que já havia cumprido oito anos — corrigiu-se em seguida. É o tipo de lapso que é, de fato, revelador. Ele já está em 2010... Para alguém que compreende a democracia, deixar o poder é coisa normal. Para quem se acha ungido não exatamente pelas urnas, mas por um destino — parece que, quando Lula nasceu, lá em Garanhuns, apareceu uma estrela no céu e os jumentos se reuniram em torno de uma manjedoura... —, a coisa não é assim tão simples.

Há, claro, o “partido” da nova classe social, que está todo aboletado no poder e lá pretende permanecer. E há o Lula burguês do capital alheio: imaginem esse homem sem avião, helicóptero e o séqüito de Dario que o serve... Quando apenas chefe de um partido de oposição, já era de uma arrogância monstruosa — sua grossura no trato com subordinados é proverbial. Imaginem sem algumas das muitas mordomias e o culto constante à sua personalidade. Vai pirar.

A verdade é que Lula não se imagina mais saindo do poder. Ele não acredita que foram as urnas e o regime democrático que o elegeram. Isso foi mera formalidade. Ele acredita que é o presidente do Brasil porque a) merece; b) é prêmio por uma luta. Se é assim, sair por quê? Ainda mais que o povo, ele está convicto, quer que ele fique.

Mas retomo o fio: as oposições poderiam ganhar amanhã — amanhã ao menos — o alto de página dos jornais e estimular o debate na Internet, descascando a estupidez autoritária dita por Lula. Até agora, não vi nada.

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