Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, novembro 08, 2007

Mais apagão



EDITORIAL
O Globo
8/11/2007

A suspensão das atividades da BRA Transportes Aéreos pode ser considerada um acidente de rota, por se tratar, à primeira vista, do resultado de desavenças entre acionistas e de má administração da companhia. Mas, por ocorrer num momento de crise da aviação civil brasileira, a paralisação só faz agravar o estado de apagão em que o setor continua a viver, apesar dos desmentidos oficiais.

Embora distante da TAM e da Gol, as maiores do mercado, a BRA transportou, até setembro, uma média de 220 mil passageiros por mês, com rotas também para o exterior.

Há pouco tempo, problemas de manutenção começaram a suspender vôos da companhia. Eram sinais de uma crise que levaria a empresa a deixar de voar, a partir de terça-feira, e a anunciar a demissão de 1.100 funcionários. Repetiram-se cenas como as vistas quando o mesmo aconteceu com a Varig, em 2006, com pessoas abandonadas em aeroportos no país e no exterior. Pelo menos desta vez, a garantia dada pela TAM e a Gol de que reconhecerão as passagens vendidas pela concorrente deverá resolver esse problema imediato.

Restará, o que não é pouco, a repercussão no mercado de mais uma redução na oferta de assentos, e numa época do ano em que aumenta o número de viagens. Para complicar o cenário, tudo ocorre no momento em que não há mais dúvida de que governo não tem capacidade para desatar todos os nós do transporte aéreo com rapidez e eficiência.

Os órgãos do setor se mostram paralisados. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), alvo de uma das operações de aparelhamento da máquina pública desfechadas pelo PT, está acéfala. E a Infraero é aquele conhecido paquiderme especializado em tocar e administrar obras superfaturadas. Enquanto isso, continuam a reverberar os efeitos do corte de verbas em prejuízo do setor, executado por causa da política do governo de aumentar os gastos com assistencialismo e custeio da máquina burocrática.

Assim, além de equipamentos e pistas, faltam controladores de vôo e fiscais para averiguar as condições de operação das empresas. Acrescente-se o despreparo das companhias para atender passageiros compreensivelmente insatisfeitos com a qualidade dos serviços.

O colapso da BRA poderia ter acontecido em outras circunstâncias -, embora não se afaste a possibilidade de alguma influência da crise. O certo é que o caso já se tornou parte do apagão setorial

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