Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 03, 2007

CLÓVIS ROSSI

O trambique será eterno?

MADRI - A sete anos da Copa de 2014, um punhado de leitores já gritam "falta" e decretam que haverá corrupção nas obras necessárias para o evento.
Mesmo quem trata publicamente do tema pode não explicitar o argumento, mas o deixa subjacente. A sensação mais ou menos difusa é a de que o Brasil está condenado a ser vítima permanente de maracutaias. Logo, elas ocorrerão também em tudo o que se relacionar com a Copa 2014.
Os antecedentes próximos e remotos dão razão plena às suspeitas. O problema é assumir que o país está condenado, permanentemente, a repetir todas as práticas viciadas que o caracterizam e que o levam a ocupar sempre um posto nada digno nos rankings de corrupção.
É grave supor que haverá trambique em relação a um evento que nem sequer começou a andar. Mas é perfeitamente compreensível: antes, ainda havia um partido (o PT) que se proclamava campeão mundial da moralidade pública, da ética -e, obviamente, das denúncias dos trambiques alheios.
Foi só esse partido chegar ao poder federal para que a máscara caísse. Caísse de uma forma estrepitosa, a ponto de sua cúpula ser rotulada de "organização criminosa" pelo procurador-geral da República, rótulo aceito em princípio pelo Supremo Tribunal Federal. Até aí, portanto, tudo encaixa e permite que os candidatos a serem tituladores dos jornais de 2014 já ensaiem como melhor usar a comprida palavra "superfaturamento" nos seus títulos.
Mas há um detalhe: o governo que estará em funções a partir de 2011 e até 2014 (o período essencial para as obras da Copa) será outro, a menos que Lula autorize mais um trambique, na forma de um terceiro mandato consecutivo. Será que a pátria tropical já abandonou toda e qualquer esperança de limpeza na vida pública, presente, passada e futura?

crossi@uol.com.br

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