Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, novembro 08, 2007

Clóvis Rossi - Pesadelo no ar, agora no solo

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Folha de S. Paulo
8/11/2007

Depois de ler o noticiário sobre a BRA, não consegui dormir à noite. Suava em bicas, porque, para o dia seguinte (ontem, portanto), estava convocada reunião do Conselho Editorial. Meu pesadelo era ouvir um comunicado seco, tipo: "Bom, queridos companheiros, foi ótimo tê-los como colaboradores, mas estão todos despedidos, porque a partir de hoje, o jornal não circula mais, não edita um só mísero exemplar". Paranóia? Um pouco (ou muito).
Mas também perfeitamente possível. Se a BRA pode baixar as persianas, demitir todo mundo e deixar um punhado de passageiros, no Brasil e em pelo menos três países (Espanha, Itália e Portugal), pendurados na escadinha (do avião) sem vôo, por que não uma empresa jornalística?
Seria até mais fácil. Afinal, apesar dos ardentes desejos de alguns, ainda não se criou uma Agência Nacional do Jornalismo Civil, ao contrário do que ocorre com a aviação, campo em que dizem haver uma tal Agência Nacional da Aviação Civil.
Se de fato existe, é motivo de controvérsias, a julgar por tudo o que aconteceu nos últimos muitos meses com a aviação, os aeroportos, os passageiros -enfim com aqueles todos pelos quais a Anac deveria se responsabilizar.
Que a, digamos, AeroDarfur um dado dia feche as portas, sem mais aquela, daria para entender. Países em guerra civil têm naturalmente dificuldades para controlar o que quer que seja.
Mas, num país no qual um ilustre acadêmico (Luiz Carlos Bresser-Pereira, artigo de segunda-feira nesta Folha) elogia a qualidade das instituições, não deveria ocorrer algo assim. É desrespeito demais.
É simplesmente impossível que uma empresa quebre da noite para o dia. Logo, a BRA vinha quebrando aos poucos, ao longo de meses. Onde estavam as autoridades que deveriam monitorar o setor? Voando? Pela BRA?

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