Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, novembro 15, 2007

CLÓVIS ROSSI Muito além do bate-boca

SÃO PAULO - Durante seus 16 primeiros anos, a Cúpula Ibero-Americana foi um torneio de oratória à beira da irrelevância.
Cruel ironia: na sua 17ª edição, na semana passada, em Santiago do Chile, conseguiu produzir algo que fala ao cidadão comum, mas a notícia foi completamente tragada pelo "porqué no te callas" do rei Juan Carlos a Hugo Chávez.
Nada contra o espetáculo em torno da frase. Mas, espetáculo à parte, que também interessa ao distinto público, vamos recuperar o que afeta o bolso do cidadão. A cúpula aprovou a chamada "portabilidade" da aposentadoria.
Traduzindo o palavrão: se você contribui para a Previdência no Brasil, muda-se para a Espanha (ou qualquer um dos outros 21 países membros da Comunidade Ibero-Americana), consegue emprego e continua contribuindo, poderá somar os tempos de contribuição cá e lá e aposentar-se no país do seu último emprego. Sugiro Barcelona, que já seria um cidade fantástica sem o Barça, e, com ele, torna-se paradisíaca.
De quebra, o governo espanhol ainda anunciou um fundo para a água potável, carência forte em países latino-americanos. Essas duas informações sumiram do noticiário até nos jornais espanhóis, que cobrem as cúpulas ibero-americanas com o carinho de quem trata um filho da terra (a rigor, foi o rei Juan Carlos quem inventou as cúpulas).
A Folha já havia registrado a "portabilidade", mas com certa antecedência sobre a cúpula, o que, neste mundo instantâneo, fica parecendo ser notícia velha em vez de "furo".
Por falar em cúpula, corrijo um erro aqui cometido ao criticar o fato de o presidente Lula ter silenciado sobre o famoso bate-boca Chávez/Zapatero/Juan Carlos. Lula não poderia mesmo ter falado nada, porque não participou da sessão final em que ocorreu o "rifirrafe", como dizem os espanhóis.

Arquivo do blog