Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 11, 2007

Celso Ming O PGBL, caro demais

A crescente fragilidade das finanças da Previdência Social está aumentando a procura por planos de aposentadoria privada complementar. Seu patrimônio acumulado cresce cerca de 25% ao ano. Mas os aplicadores precisam saber melhor com o que estão lidando.

Um dos planos de previdência privada mais comuns no Brasil é o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), à disposição em todos os bancos, que tem um atrativo extra: adia o recolhimento do Imposto de Renda para o momento do saque - desde que a contribuição anual fique limitada a 12% da renda bruta.

O aplicador contribui com uma quantia mensal para, ao final do período combinado, receber o benefício engordado com os rendimentos.

Em princípio, parece uma solução porque a aposentadoria oficial é aquela quirera que conhecemos. No entanto, quem adquire um PGBL leva tantas mordidas do administrador que, em muitos casos, pode não valer a pena.

Uma dessas mordidas é a taxa de carregamento, que acontece a cada contribuição. Na média, de cada R$ 100 de aplicação, o banco já fica com R$ 3. Com o tempo - e isso varia de banco para banco - essa taxa tende a zero, mas até isso acontecer, o investidor poderá ter sido "aliviado" de bom patrimônio. Outra mordida é a taxa de saída, a ser paga quando da retirada do benefício, que hoje equivale à CPMF: 0,38%.

A terceira, a mais volumosa, é a taxa de administração, conhecida como come-cota. Gira em torno dos 3% ao ano e vai corroendo o saldo um pouco por dia, independentemente do seu tamanho.

Quando os juros básicos (Selic) eram de 40% ao ano, o tamanho dessa taxa tinha lá sua justificativa. Hoje, com os juros a 11,25% ao ano, é difícil defendê-la tecnicamente. Estatísticas da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) mostram que, em setembro de 2005, quando a Selic começou a cair, a taxa de administração cobrada pelos fundos de investimento variava de 1,5% a 5%. Hoje, após uma queda de 8,5 pontos porcentuais da Selic, as taxas de administração continuam no mesmo patamar.

Um exemplo: quem aplica R$ 100 por mês em um plano que cobra 5% de taxa de carregamento para reservas de até R$ 10 mil e 3,2% de taxa de administração, deverá ter, ao fim de 10 anos, um patrimônio de R$ 17.245,71, mas poderá ter pago R$ 528,00 a título de taxa de carregamento e R$ 2.750,40 de taxa de administração. Ou seja, 19% do patrimônio vai ficar com o banco.

Uma das razões pelas quais as coisas são assim é que ninguém reclama. Talvez porque não esteja suficientemente esclarecido, o aplicador parece satisfeito.

Muita gente argumenta que, apesar das garfadas, o rendimento do PGBL é mais alto do que o da caderneta de poupança. Mas isso pode ser ilusório. O rendimento do PGBL, de cerca de 12% ao ano, está sujeito ao Imposto de Renda, que varia de contribuinte para contribuinte. E a caderneta rende cerca de 8% ao ano, mas está livre do Imposto de Renda.

O consultor Geraldo Magela, da Mercer Human Resource Consulting, reconhece que o PGBL é caro e alerta para que os aplicadores façam as contas antes para saber se vale mesmo a pena ou não fazer o investimento.

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