Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, outubro 17, 2007

Outro apagão


EDITORIAL
O Globo
17/10/2007

À medida que a economia se consolida em outro patamar de crescimento, acima dos 4% ao ano, os gargalos existentes na infra-estrutura ficam mais visíveis. E não apenas em estradas esburacadas e perigosas, portos engarrafados e ferrovias insuficientes. Também no mercado de trabalho, empresas passaram a ter dificuldades para encontrar mão-de-obra treinada e qualificada.

Estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) registra que 56% das empresas do setor enfrentam o problema. A área mais atingida - em 68% das fábricas afetadas - é a de produção, prejudicando programas de aumento de eficiência.

Há na indústria um cenário benigno: embora esteja elevado o índice de utilização da capacidade instalada - acima de 80% -, cresce a produção de bens de capital, termômetro da modernização e expansão de fábricas. Sinal, portanto, de que a procura por mão-de-obra tende a se aquecer ainda mais.

Tanto na precariedade da infra-estrutura física - estradas, portos, ferrovias, aeroportos etc. - como no despreparo de trabalhadores e profissionais de vários níveis há por trás o já sabido erro estratégico do governo de privilegiar o assistencialismo e os gastos em custeio, deixando em plano inferior os investimentos e a educação. É uma política clássica e temerária que obtém dividendos político-eleitorais a curto e médio prazos, mas compromete o futuro da nação.

Prejudica principalmente os mais pobres, beneficiados num primeiro momento pelo assistencialismo, mas que continuarão com dificuldades para conseguir emprego por causa da baixa qualificação. Tornam-se, portanto, escravos das benesses do poderoso de ocasião.

O apagão na educação brasileira já vem de algum tempo. Ninguém nega sua existência. Nem o governo Lula, que, depois de perder o primeiro mandato preocupado com universidades públicas, afinal decidiu conceder a necessária prioridade à melhoria do ensino básico, onde reside a causa da tragédia educacional brasileira e, por decorrência, da escassez de mão-de-obra qualificada.

O trabalho da CNI é mais um alerta para a urgência com que a crise no ensino público precisa ser debelada.

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