Em 2006, o Brasil foi, depois de Hong Kong (ler China), o maior investidor internacional entre os países emergentes, com US$ 28 bilhões. É verdade que esse salto se deve essencialmente à compra da Inco pela Vale do Rio Doce, mas outras empresas brasileiras mostram vocação para se transformar em multinacionais, como é o caso da Petrobrás, da Gerdau, da Votorantim, da Camargo Correa, da Odebrecht, da Marcopolo, do Itaú, etc.
Não há dúvida de que foi o aumento da lucratividade dessas empresas que permitiu essa expansão no exterior, especialmente num momento em que a taxa cambial favoreceu essas operações. Diversos atrativos explicam essa nova orientação: aproximar-se dos mercados, comprar outras empresas para não ser comprada, diversificar as fontes de lucros ou de fornecedores.
Tudo indica que esse movimento continuará a se verificar e a ser interessante para o Brasil, que não só se aproveita da remessa de lucros e dividendos das suas empresas no exterior, como também das encomendas de produtos "made in Brazil" feitas por suas multinacionais.
Podemos lamentar que, em contrapartida, o País tenha ficado em 19º lugar apenas como receptor de investimentos estrangeiros. Cumpre notar, todavia, que é dos primeiros entre os países emergentes, ultrapassado apenas pela China (incluindo Hong Kong), Turquia e México. A situação deve melhorar neste ano com o forte aumento dos investimentos diretos estrangeiros, em razão do dinamismo da economia brasileira.
No entanto convém meditar sobre por que nos situamos, por exemplo, atrás do México. Convém lembrar que o Brasil se coloca entre os países que oferecem as maiores dificuldades para a abertura de uma empresa, em razão de uma burocracia que não consegue reduzir. Não podemos esquecer também que temos uma taxa de juros das mais altas no mundo, o que não favorece a implantação de empresas estrangeiras. Finalmente, nossa infra-estrutura continua representando um sério ponto de estrangulamento para a atividade industrial.