Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, outubro 16, 2007

Dora Kramer - Maioria quer voto facultativo



O Estado de S. Paulo
16/10/2007

Naquilo que interessa mesmo ao mundo político, a pesquisa CNT/Sensus traz números parcos. Nada, nem a rejeição ao Parlamento nem os pretendentes a candidatos à sucessão do presidente Luiz Inácio da Silva, conseguem reunir um percentual significativo de adesões, acima de 50%.

São três as exceções: a popularidade de Lula - firme nos seus 61,2% -, o apoio à substituição do voto obrigatório pelo facultativo - impressionante em seus 58,9% - e a concordância com a decisão do Supremo Tribunal Federal de impor, para o parlamentar, fidelidade ao partido pelo qual foi eleito - eloqüente em seus 54,2%.

O montante de pessoas favoráveis ao voto facultativo, praticamente igual ao daqueles que iriam votar se não fosse obrigatório, é inversamente proporcional ao interesse dos políticos de discutir o assunto. Pela pesquisa, viram as costas a tema de interesse da população porque lhe é conveniente da reserva de mercado obrigatória.

Nesses tempos de repúdio irado contra o Legislativo, somada à tola e mal-intencionada tese da extinção seja do Senado, da Câmara ou da unificação de ambos numa única Casa Legislativa, conseguiu juntar no máximo 45% de adeptos para esta última hipótese.

Quando se pergunta sobre o fim do Senado, o atual Judas da indignação nacional, 23,3% apóiam. Quando na berlinda está a existência da Câmara, 19,2% aderem.

Os números sobre candidaturas presidenciais também são pífios (talvez pelo grande número de nomes listados) e é natural que assim seja, dada a distância da eleição e revelam muito mais o resíduo da exposição dos personagens no noticiário do que propriamente uma projeção confiável sobre a vontade do eleitor em 2010.

Mesmo assim, há um dado a notar: os tucanos estão entre os primeiros (José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves, por ordem de entrada em cena ), há Heloísa Helena em quinto lugar e apenas um governista, Ciro Gomes, entre os cinco mais bem posicionados. Quer dizer alguma coisa em termos definitivos, significa que o candidato, ou candidatos, de Lula, estão perdidos? Nem de longe.

As especulações sobre terceiro mandato, se consideradas apenas à luz do apoio popular, perdem substância: apenas 12,3% acham aceitável um presidente pleitear novo período subseqüente à reeleição.

Direito este, aliás, que de tanto ser criticado pelos políticos arrependidos de tê-lo inventado na Constituição, vem perdendo apoio: em abril eram 28,2% os contrários à reeleição e hoje são 38,2%.

Já o apoio ao voto facultativo aparece de forma espontânea, sem que existam campanhas a respeito nem um único político levantando a lebre para discussão.

Racional

O pedido do presidente em exercício do Senado, Tião Viana, à relatora da CMPF, Kátia Abreu, para que deixe de ser “passional” e amenize seu relatório contrário à renovação da cobrança do imposto, ou é machista ou partidariamente tendencioso.

Quando o deputado Eduardo Cunha, do PMDB, literalmente sentou em cima do relatório da CPMF na Câmara para forçar o governo a indicar Luiz Paulo Conde para a presidência de Furnas ninguém achou que a atitude era fruto de exacerbação emocional.

Era produto de extrapolação fisiologista mesmo. Mas o governo administrou com discrição o “problema”, cujo foi resolvido com o atendimento à pressão.

Kátia Abreu, diga-se, usará todos os prazos regimentais e anunciou posição contrária à CMPF não porque esteja presa de forte emoção, mas porque seu partido, o Democratas, há muito fechou questão contra o imposto do cheque. A posição é, certa ou errada, doutrinária e assim Viana deveria tratá-la. Preservaria, no mínimo, a elegância que lhe é peculiar.

Antes assim

Está errada a informação publicada sábado dizendo que o fim das sessões secretas no Senado ainda precisaria da aprovação em plenário.

A resolução acabando com os sigilos foi aprovada em caráter terminativo na semana passada, discretamente. Portanto, o próximo julgamento de Renan Calheiros ainda será sob o voto secreto, mas já em sessão aberta.

Ainda o 3

Antonio de Freitas, responsável pela campanha publicitária do Banco do Brasil que, por causa do slogan “decida pelo 3” suscitou suspeita sobre propaganda subliminar para o terceiro mandato de Lula, rebate nota sobre o sumiço da prometida segunda fase da campanha, segundo ele baseada na soma dos algarismos 2 e 1 da Agenda 21 sobre a sustentabilidade do planeta.

Freitas informa que a segunda fase já está no ar e envia as peças da campanha para comprovar. Nelas não há uma referência sequer ao “3”. De acordo com ele, detalhes da campanha não podem ser revelados “porque não podemos expor a nossa estratégia e a nossa tática para a concorrência”.


Arquivo do blog