Jornal do Brasil |
10/10/2007 |
Se os sinais mais uma vez não enganam, tudo indica que a crise do Congresso, com o foco dirigido para o Senado, está chegando a seu extremo limite. O instinto de sobrevivência da classe política, tanto mais alerta nesta fase de baixos compromissos éticos e cobranças morais, soou o alarme para o risco de um desfecho imprevisível se uma reação na undécima hora não evitar que o fogaréu atinja o paiol. E salta a evidência de que chegamos ao fundo do falado poço da gasta metáfora pessimista. Não é possível recuperar o sentimento de honra numa Casa varrida por escândalos que se sucedem, em escalada suicida. A cada dia, a cada fim de semana, nova denúncia pipoca diante de uma sociedade paralisada pela repugnada decepção que amortece a ira represada pela impotência do revide imediato. Mas chegaremos lá se o Congresso não reagir com as suas reservas morais. E que já começaram a ser abatidas pelos tiros pelas costas do que o senador Tarso Jereissati, presidente do PSDB, qualificou como "uma pequena tropa de choque, que nada mais é do que um grupo de patifaria". Mas chega! Não é possível que o senador Renan Calheiros, presidente do Senado, quando encara o espelho, ao fazer a barba, não se convença de que está se transformando num trapo moral, alvejado por denúncias e suspeitas que se sucedem na cadência da degradação. E que seus desmentidos e tentativas de explicações repetem patranhas e adjetivos que caem no vazio da desmoralização pública. Antes que seja expelido como quem espreme o carnegão do furúnculo apostemado, deve aproveitar os derradeiros instantes para renunciar ao cargo que desonrou, entregando o anel para tentar salvar o mandato. O corpo a corpo com a opinião pública e com o Congresso saltou todas as cercas da paciência. E baixou ao nível de sarjeta, em maroteiras de gangues, como na inqualificável jogada do afastamento dos senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS) da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, para desobstruir o esgoto e garantir a rejeição da denúncia contra o presidente do Senado. O PMDB esteve à beira do ridículo com a oferta, pelo PSDB, das suas vagas para reconduzir à CCJ duas das mais respeitáveis figuras do Parlamento. Nova representação contra o presidente do Senado por quebra do decoro parlamentar deve ser encaminhada ao Conselho de Ética do Senado pelo presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati. Desta feita, Renan foi pilhado usando seu assessor especial, o ex-senador Francisco Escórcio (até então um nada ilustre desconhecido), para espionar os senadores goianos Marconi Perillo (PSDB) e Demóstenes Torres (DEM), ambos favoráveis à cassação do seu mandato, para pressioná- los a mudar o voto. Chantagem pura e sem disfarce. A degringolada do senador alagoano transbordou para o latifúndio do governo e alcançou a bancada do PT, que está com lucro milionário no leilão das nomeações e tem muito a perder. O senador Aloizio Mercadante (PT), ainda constrangido pelo voto em branco que salvou o senador Renan de ser cassado pelo plenário do Senado, acertou o passo e entrou na dança para apoiar o movimento pela recondução dos senadores Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon à CCJ do Senado. A cada dia, a sua provação. O presidente Lula sentiu a ferroada com os crescentes embaraços para aprovar matérias do seu interesse, como o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), cedendo às exigências da oposição para possibilitar a prorrogação da CPMF até 2011, que promete transformar o país num "canteiro de obras". Se não começar agora, ainda este ano, o tempo encolhe. Dos quatro anos do segundo mandato, restam três anos, dois meses e 20 dias. E 2008 é ano de eleição - quando aumenta a cobrança e a vigilância do governo. É agora ou nunca. Ou vai ou racha. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, outubro 10, 2007
A crise na última lona- Villas-Bôas Corrêa
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