"Quando um doido saiu atirando dentro de uma universidade americana, matando dezenas de alunos, o presidente George Bush compareceu ao campus, no dia seguinte, para uma homenagem aos mortos.
Quando a cidade de Paris foi palco de um quebra-quebra terrível, porque os jovens universitários recusavam a lei do primeiro emprego, o presidente Jacques Chirac foi à TV e se dirigiu aos franceses.
Quando Madri foi atingida por um atentado terrorista, o primeiro-ministro dirigiu-se ao povo pela TV, e o rei e a rainha foram no dia seguinte visitar os feridos.
Em momentos graves por que passam os países, a força simbólica do chefe da Nação se faz presente, confortando e se solidarizando com a dor da população.
Estamos vivendo um desses momentos graves.
Por isso, não se compreende por que até agora o presidente Lula não dirigiu um pronunciamento à Nação.
Lula é homem de palavra fácil, gosta de discursar e discursa muito. Um pronunciamento seu mostraria sua preocupação com a dor das famílias enlutadas e com a apreensão de todos os brasileiros.
Não se espera do presidente da República que conheça todos os detalhes técnicos. Não é esta a sua função.
Espera-se do presidente uma palavra de conforto, que mostre a todos que o primeiro mandatário do país está junto com o seu povo.
Já vamos para 48 horas depois desse terrível acidente, e até agora o presidente só se manifestou através do porta-voz, numa nota fria, sem alma, sem emoção.
A omissão do presidente só pode constituir uma derrota para o secretário de Comunicação Social. Franklin Martins é um jornalista experiente e conhece a importância da força simbólica da palavra do presidente da República numa hora dessas.
Ninguém está pedindo a Lula que pilote um avião, apenas que pilote o país".