Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 06, 2007

VEJA Carta ao leitor


As lições do gelo

Diogo Schelp
Daniel Catt
Schelp, no Ártico (à esq.), e Rafael, na Antártica: sinal de perigo nas calotas polares

Vistas do espaço, as duas calotas polares adornam a Terra dando ao seu azul predominante um tom mais pálido que confere ao planeta sua tão típica aparência de fragilidade. O decorativo, porém, é o papel menos vital dos pólos. Seus vastos depósitos de gelo funcionam como eficientes trocadores de calor, refrigerando correntes marítimas e atmosféricas. Essa interação determina o clima de vastas áreas continentais e dela depende a sobrevivência de centenas de milhares de espécies, entre as quais aquela que se considera a mais especial, a humana. Desde que se tornou uma quase-unanimidade a tese de que o aquecimento global saiu de controle, os pólos passaram a chamar ainda mais atenção. Seja qual for o grau de catástrofe que o futuro do clima reserve para o planeta, os primeiros sinais de perigo virão de lá.

Para saber dos cientistas que lá trabalham que sinais são esses, VEJA mandou os jornalistas Rafael Corrêa à Antártica e Diogo Schelp ao Ártico. Rafael atravessou a lendariamente terrível Passagem de Drake com suas ondas de 7 metros de altura antes de poder vislumbrar a paisagem de verão na Península Antártica. "Os tufos de grama onde antes havia somente gelo são apenas os sintomas mais visíveis das alterações climáticas em curso", diz Rafael. Três dias de viagem e cinco pernas de vôo levaram Diogo Schelp à Ny-Ålesund, a estação científica com população permanente mais próxima do Pólo Norte. A base fica no Arquipélago de Svalbard, na Noruega.

"Todos os cientistas, sejam biólogos ou glaciologistas, estão fazendo pesquisas sobre os efeitos do aquecimento global. Não existe outro assunto para eles", diz Schelp, que ficou uma semana na base norueguesa. Como é comum nessas paragens insólitas, teve de trabalhar junto com os pesquisadores. Schelp acompanhava o trabalho de campo de uma equipe alemã que estuda os danos ao permafrost, a camada de terra permanentemente gelada da região, quando lhe entregaram uma pá especial. Com ela, Schelp ajudou a cavar uma vala de 100 metros de comprimento por onde corre hoje um cabo para os sensores instalados pelos alemães. Além da reportagem escrita, Schelp produziu, a 15 graus abaixo de zero, dois vídeos sobre a vida e o trabalho dos cientistas em Ny-Ålesund. Eles podem ser vistos em www.veja.com.br.

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