Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 05, 2007

A poucos passos


EDITORIAL
O Globo
5/4/2007

As agências internacionais de avaliação de risco ainda não promoveram o Brasil para a categoria "grau de investimento" (investment grade), mas o mercado financeiro já o vem fazendo, na prática. A promoção formal é importante para o país porque os estatutos de muitos investidores institucionais conceituados estabelecem que suas carteiras só podem ser compostas por títulos de países ou empresas com este rating.

Esta semana, o Tesouro Nacional vendeu no exterior cerca de US$525 milhões em títulos, com prazo de dez anos e rendimentos anuais de menos de 6%. Pelo valor de mercado, esse rendimento equivaleria a apenas 1,2 ponto percentual acima do que é oferecido pelos papéis de mesmo prazo do Tesouro americano. Como classificação geral, o Brasil esta semana também se igualou à média dos prêmios de risco das chamadas economias emergentes, na faixa de 160 pontos.

Sem dúvida os números revisados da economia brasileira contribuíram para a imagem do país nos mercados financeiros ter melhorado mais rapidamente. Além de ter crescido mais do que se supunha, o país deve relativamente menos. Portanto, oferece menos risco a investidores em moeda estrangeira, ainda mais que o Banco Central prossegue com uma política de acumulação de reservas cambiais, já acima dos US$100 bilhões.

Os departamentos econômicos das instituições financeiras que acompanham o Brasil já prevêem para 2007 um volume de entrada de investimentos estrangeiros similar ao do período áureo das privatizações. Isso reforçará o movimento de ampliação da capacidade produtiva do país, de maneira que a economia poderá crescer mais sem ser submetida a pressões inflacionárias.

Tal ambiente favorece o ajuste das taxas de juros internas, com cortes graduais, reduzindo o custo do capital como um todo no Brasil. Tudo leva a crer que estamos diante de um ciclo virtuoso na economia, e nesse caso a sociedade pode ter duas posturas: aproveita a oportunidade para pôr em prática reformas estruturais que prolongarão esse ciclo ou simplesmente se acomoda e espera para ver os problemas ressurgirem mais na frente.

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