Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 07, 2007

FERNANDO GABEIRA Que país é esse

DE NOVO, os tempos duros.
Vergonha de ser deputado, voltar para casa e constatar que nada fez de útil. O governo conseguiu manter o debate em limites estreitos: contra ou favor da CPI.
O problema real permanece intocado. Como dotar o Brasil de um sistema aéreo seguro e pontual, à altura dos melhores do mundo. A idéia de que tudo voltará à calma com a repressão aos controladores não se sustenta.
Concordo com o princípio de hierarquia. Dotá-lo de um poder mágico pode ser um engano. Um clima muito tenso não é o melhor para as circunstâncias.
A Aeronáutica sozinha não é a solução. Ela é parte do problema.
As companhias aéreas, a Anac e a Infraero falharam. Não havia nada programado para atender aos passageiros, apesar das duras lições de fim de ano. Um colapso de informação e assistência.
Precisamos de um plano com datas, dinheiro e roteiro definido.
Precisamos de um responsável, que articule todos os setores envolvidos. Quando um sistema dessa importância entra em crise e você se desespera, nessas noites sombrias do Congresso, onde buscar alento?
Olhando para fora. Para o mundo que não deixará o Brasil caminhar para a insensatez de ser rebaixado no ranking internacional. Pilotos, Iata, companhias estrangeiras já se movem para pressionar o pais. E, já no ano que vem, virão os monitores da Icao, a entidade que avalia esses sistemas.
A queda no turismo e a proximidade do Pan são fatores que nos obrigam a considerar o problema também como de imagem internacional do país.
Com os ventos que vêm de fora, é possível impulsionar o movimento, que já existe na internet, buscando uma definição nacional. Se todos nos movermos, nas nossas áreas, o próprio governo será convencido que está diante de uma grande crise.
Aquelas 18 mil pessoas paradas nos aeroportos, a mulher que não pôde enterrar o marido assassinado em Rondônia, o paciente que esperava os materiais cirúrgicos numa operação de emergência, o homem que morreu em Curitiba, os que ficaram retidos nos aeroportos do mundo -tudo pede uma resposta à altura.
Uma resposta à altura tem de ser articulada, transparente e verificável na sua realização cotidiana. Caso contrário, poderemos ter saudade do tempo em que a única saída eram os aeroportos.
Continuo apostando que sairemos dessa, como já saímos de outras mais complicadas.


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