Editorial |
O Estado de S. Paulo |
17/4/2007 |
Os agentes responsáveis pela Operação Hurricane (Furacão) da Polícia Federal (PF) dão a entender que os indícios levam à previsão de envolvimento de um número muito maior de pessoas do que as 25 presas até agora. De fato, tanto os valores e bens já apreendidos quanto a categoria funcional dos servidores públicos já envolvidos apontam para uma impressionante metástase da corrupção, a ponto de poder-se considerá-la institucionalizada. Com efeito, entre os envolvidos estão nada menos do que dois desembargadores do Tribunal Regional Federal, um juiz do Trabalho, um procurador regional da República, três delegados da Polícia Federal, empresários e advogados - entre os quais o irmão de um ministro do Superior Tribunal de Justiça -, e as acusações dizem respeito ao esquema de jogo ilegal (por meio de máquinas caça-níqueis), corrupção, contrabando, tráfico de influência e receptação, entre outros crimes, tudo sustentado por uma vasta rede mafiosa infiltrada profundamente nos Poderes de Estado. Impressionam também os valores, apreendidos pela PF, que estavam em poder dos presos - a saber, R$ 10 milhões em dinheiro, R$ 5 milhões em cheques, US$ 300 mil, jóias e relógios de luxo e mais 51 veículos avaliados em R$ 10 milhões, entre os quais uma Mercedes-Benz que vale R$ 550 mil. E impressionam, sobretudo, as duas toneladas de documentos e materiais apreendidos - entre os quais agendas e discos rígidos de computador - que exigiram, para transportá-las, duas viagens do avião da Polícia Federal do Rio de Janeiro a Brasília. A propósito, o grande trabalho da PF, agora, é o de destrinchar toda essa montanha documental, uma vez que as tomadas de depoimentos dos presos não têm surtido efeito, em razão da estratégia de seus advogados de os fazerem falar só em juízo. Há que se reconhecer, antes de mais nada, o grande mérito do trabalho da Polícia Federal, que após um longo período de investigação - mantida sem vazamentos - obteve do ministro do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, autorização para realizar a grande operação. É verdade que investigações prolongadas, mantidas em rigoroso sigilo, que deram margem a grandes operações, já tinham sido feitas pela PF. Destas, uma das principais foi a Anaconda, concentrada em São Paulo, mas com conexões em vários Estados. É de se prever que, em termos de conexões interestaduais, a Hurricane também vá se estender - e o senador Romeu Tuma faz bem em insistir para que ela venha a São Paulo. Justamente por reconhecermos a eficiência investigativa da Polícia Federal, sobejamente demonstrada em operações como essas, não dá para entender por que outras quadrilhas infiltradas nos Poderes de Estado até hoje permanecem sob uma espécie de blindagem que perpetua, escandalosamente, a sua impunidade. O que aconteceu até hoje com os envolvidos na CPI dos Correios - já começando pelo emblemático Waldomiro Diniz -, com os mensaleiros, com os vampiros, com os sanguessugas, com os 40 quadrilheiros denunciados pelo procurador-geral da República e todos aqueles envolvidos até o gorgomilo nas CPIs que mobilizaram a opinião pública brasileira, durante tanto tempo, exigiram tanta energia investigativa e manuseio, em trabalho exaustivo de servidores públicos, de montanhas e montanhas de documentos? Tudo isso, enfim, para quê? Desgraçadamente, não se trata apenas do comprometimento de um ou outro magistrado, de um ou outro delegado de polícia, de um ou outro procurador, mas de uma rede organizada, que jamais poderia se manter não fosse a cumplicidade de enorme número de pessoas e a perversão profunda do espírito de corporação, que leva colegas de corruptos a fazerem, no mínimo, “vista grossa” ante evidências de falcatruas perpetradas em seu meio. Ou será que passa tão despercebido o favorecimento ilógico e exagerado de uma sentença judicial, de uma liminar em mandado de segurança, de um habeas corpus, ou o comprometimento ostensivo de advogados ou a omissão clamorosa de agentes policiais, em práticas ilegais, atividades ilícitas notoriamente exercidas, às vezes, à vista de todos? |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, abril 17, 2007
Corrupção institucionalizada
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