Entrevista:O Estado inteligente

domingo, abril 08, 2007

CLÓVIS ROSSI Desinformados, mas felizes


SÃO PAULO - No intervalo entre a morte de João Paulo 2º e a eleição de Bento 16, faz exatos dois anos, armou-se o maior circo de mídia eletrônica que já vi na vida, e olhe que tenho razoável quilometragem em coberturas internacionais, inclusive (ou principalmente) aquelas espetaculares.
No fim da via della Conciliazione, a avenida que leva da praça de São Pedro, o coração do Vaticano, ao rio Tibre, parecia que todas as TVs do mundo haviam montado acampamento. Lógico: ao fundo, via-se sempre a cúpula da Basílica de São Pedro, componente essencial para notícias sobre papas.
Não dá para dizer que era a maior quantidade de jornalistas concentrado para um só evento. Mas dá para dizer que a diversidade era, sim, a maior que minha memória registra.
O habitual é que compareçam os suspeitos de sempre, a mídia norte-americana, da Europa ocidental, do Japão, mais recentemente a Al Jazira, alguns poucos brasileiros e latino-americanos e não muitos mais. No circo da via della Conciliazione, ao contrário, havia de tudo. Da TV romena, que eu jamais havia visto, à TV da Turquia, país de maioria muçulmana. Era uma evidência física, talvez desnecessária, de que o papa, seja qual for, é a única figura realmente universal.
Menos no Brasil, a julgar pela pesquisa Datafolha que mostra que 51% dos brasileiros não sabem o nome do atual papa. Não que a TV brasileira estivesse ausente ou não esteja dando notícias diárias sobre a vinda de Bento 16 ao Brasil. O problema, como apontou à Folha Geraldo Hackmann, único brasileiro membro da Comissão Teológica Internacional, do Vaticano, é que "há muita gente desinformada em tudo, inclusive em religião".
É essa desinformação a mãe de vários outros problemas. Quem não sabe nem se interessa pelo que está acontecendo aceita passivamente a miséria e/ou a mediocridade que é o cotidiano da maioria.


crossi@uol.com.br

Arquivo do blog