Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, abril 03, 2007

As multinacionais brasileiras


editorial
O Estado de S. Paulo
3/4/2007

Nos anos recentes, um fato novo na economia mundial foi o surgimento de empresas multinacionais com origem nos países emergentes. Nesse quadro, o Brasil ocupa um lugar importante, como nota a Unctad, pois, dos US$ 140 bilhões de estoque de investimentos estrangeiros dos países emergentes, o Brasil ocupava, em 2005, o 6º lugar, com US$ 71,6 bilhões, sendo de longe o país da América Latina que mais investe no exterior. Num trabalho para a Deutsche Bank Research, o economista Javier Santiso lembrava que, em 2005, o fluxo total de investimentos estrangeiros no mundo foi de US$ 133 bilhões, dos quais 17% saíram dos países emergentes.

Desde essa data, o Brasil aumentou muito sua presença externa como investidor, especialmente em 2006, quando os investimentos brasileiros somaram US$ 27,2 bilhões (em termos líquidos).As grandes multinacionais brasileiras são conhecidas: a Vale do Rio Doce, que no ano passado adquiriu a Inco; a Gerdau, que em 2006 teve 53,88% do seu faturamento no exterior; a Odebrecht, a Embraer e a Votorantim; fora a Petrobrás, claro.O crescimento das operações no exterior começou a se verificar com a redução das empresas estatais (caso da Vale do Rio Doce e da Embraer). Nota-se que a primeira condição para que um país possa ter empresas multinacionais é um mercado interno importante que lhe permita desenvolver uma produção em grande escala e uma tecnologia sofisticada que pode transferir para o exterior.

É importante também que seja grande exportador, o que lhe permite tornar-se conhecido externamente. Outra vantagem é poder dispor de matérias-primas no país onde se localiza a matriz, especialmente quando se trata de matérias-primas muito procuradas e que, na sede da empresa, são produzidas a um custo menor comparativamente com outros países (caso da siderurgia no Brasil).Para uma empresa como a Odebrecht, a importância dos serviços prestados permitiu que ela desenvolvesse um “know-how” específico importante, ao mesmo tempo que precisava ampliar seus mercados para fugir das flutuações de demanda, características dessa atividade, ganhando a possibilidade de transferir equipamentos ociosos para outros países, desde que não muito longe da sede controladora.

É um fenômeno novo que ainda não deu todos os frutos (dividendos), mas que se mostrará muito útil com o tempo.

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