Os ultramini-PCs cabem numa pasta,
são leves e potentes, mas não oferecem
a quem usa o mesmo conforto de um laptop
Duda Teixeira
Fotos Andreas Rentz/Getty Images, divulgação, Yoshzaku Tsuno/AFP, Newscom |
FLIPSTART Largura: 15 centímetros Tamanho da tela: 5,6 polegadas Peso: 680 gramas Disco rígido: 30 GB Preço: 1 999 dólares |
Nos últimos anos houve várias tentativas de popularizar os computadores de mão, que prometiam os mesmos recursos de um PC de mesa e eram menores que um laptop. Nenhum desses aparelhos teve sucesso. Eram pesados demais, a carga da bateria durava pouco tempo e – esse o principal defeito – tinham muito menos capacidade de processamento que os PCs. Agora, uma nova geração de máquinas, lançadas nos últimos dois meses, pretende conquistar consumidores com um conceito aperfeiçoado de computador de mão. Por trás dos lançamentos estão empresas conhecidas como a Sony e a Samsung e firmas novatas, como a Oqo, que pertence a Jory Bell, ex-estrela da área de design da Apple. O lançamento sobre o qual recaem as maiores expectativas é o FlipStart, fabricado pelo bilionário Paul Allen, que com Bill Gates fundou a Microsoft. Os novos computadores portáteis, chamados de ultramini-PCs, têm a mesma capacidade de processamento que os laptops, mas são bem menores e quatro vezes mais leves. A carga da bateria dura até seis horas. Eles rodam o sistema Windows e conectam-se ao mundo via redes sem fio de internet e por meio de antenas de celulares. Podem enviar e-mails e acessar sites de qualquer lugar dentro da área de cobertura das operadoras de telefonia móvel.
SONY VAIO UX390 Largura: 15 centímetros Tamanho da tela: 4,5 polegadas Peso: 499 gramas Disco rígido: 32 GB Preço: 2 499 dólares |
Nenhuma dessas qualidades garante que os ultramini-PCs serão um sucesso. Entre as deficiências que eles apresentam estão as telas minúsculas, que transformam as letras e os elementos gráficos do Windows em ícones microscópicos. Na maioria deles, os teclados – às vezes embutidos e que deslizam para fora na hora do uso – devem ser acionados com os dedos polegares, como num celular. Esses inconvenientes ainda assim não são os maiores problemas dos ultramini-PCs. A verdadeira questão que se coloca é: os consumidores querem aparelhos com essas características? Hoje já se pode navegar pela internet e enviar e receber e-mails facilmente com celulares "inteligentes" do tipo smartphone. Para trabalhos de longa duração, nada substitui o PC em termos de conforto e facilidade de uso. Será que alguém quer pagar por uma máquina intermediária entre o celular e o laptop? Paul Allen, fabricante do FlipStart, acha que sim. Diz ele: "Vamos assistir a uma explosão de equipamentos como esses porque as pessoas querem carregar o seu computador pessoal por onde quer que andem".
Allen, que também foi o maior investidor do estúdio de cinema DreamWorks e financiou a construção da nave suborbital SpaceShipOne, deixou o cargo executivo na Microsoft em 1983, depois de ser diagnosticado com a doença de Hodgkin, um tipo de câncer. Sua fortuna é estimada em 18 bilhões de dólares. Ele começou a desenvolver o FlipStart em 2000, amparado na idéia de que era possível diminuir o tamanho dos laptops. Allen acredita que seu produto será um sucesso porque os celulares ainda não são suficientemente poderosos e os laptops são pesados e desconfortáveis de carregar. Em sua opinião, os principais compradores dos ultramini-PCs serão os executivos que viajam muito e precisam de seus laptops, mas os acham um estorvo para transportar. Os novos computadores cabem facilmente numa bolsa de mão.
SAMSUNG Q1P Largura: 22,8 centímetros Tamanho da tela: 7 polegadas Peso: 771 gramas Disco rígido: 60 GB Preço: 1 299 dólares | OQO2 Largura: 14,2 centímetros Tamanho da tela: 5 polegadas Peso: 453 gramas Disco rígido: 60 GB Preço: 1 849 dólares |
O desafio para os fabricantes dos ultramini-PCs é convencer os consumidores de que eles são um bom negócio. Nos Estados Unidos, com os mesmos 2 000 dólares, em média, que os aparelhos custam é possível comprar um laptop e um celular. A empresa de consultoria na área eletrônica Creative Strategies, da Califórnia, estima as vendas mundiais dos computadores de mão em apenas 150.000 em 2007. Para efeito de comparação, no ano passado foram vendidos em todo o planeta 228 milhões de PCs e laptops e 1 bilhão de celulares. A competição para os ultramini-PCs não será fácil.