O Globo - 01/02/2011
O ano de 2010 marcou a definição do Novo Marco Regulatório para exploração de petróleo no Brasil, com a capitalização da Petrobras, em que a União cedeu para a empresa uma reserva de 5 bilhões de barris, recebendo em troca ações da estatal. Também foi aprovado o regime de partilha, com a União passando a receber petróleo, para exploração das áreas do pré-sal que ainda foram leiloadas, a criação de uma nova estatal e do Fundo Social. Portanto, não há mais entraves legais para a realização do primeiro leilão do pré-sal sob o regime de partilha, ou a retomada das rodadas de licitação sob o regime de concessão no pós-sal. Ainda assim, há algumas questões pendentes que podem adiar a realização das próximas rodadas de licitação organizadas pela ANP.
A nossa presidente tem diante de si dois grandes dilemas em relação ao pré-sal. O primeiro é a escolha entre a atual política de conteúdo nacional e o ritmo de extração do petróleo. Se insistir numa política com alto conteúdo nacional como foi declarado durante a campanha eleitoral, submeteremos o ritmo de extração do petróleo do pré-sal ao desenvolvimento da nossa indústria fornecedora de bens e serviços. Isto vai implicar atraso na produção e encarecimento do custo de exploração e produção. Com isso, estará sendo prejudicada toda a sociedade brasileira, que tem pressa de se beneficiar dos recursos que virão do petróleo do pré-sal. Além do mais, podemos estar construindo a mais ineficiente e mais cara indústria de bens e serviços do setor de petróleo do mundo, e será a Petrobras a principal vítima. Como, por exemplo, ocorreu após a obrigatoriedade de a navegação de cabotagem no Brasil ser realizada com navios de bandeira brasileira (decreto-lei 666/69). Isso concedeu um incentivo à indústria naval, mas acabou por sucatear os navios utilizados no transporte, devido à ausência de concorrência, e o incentivo não foi benéfico para o desenvolvimento da indústria. O correto é buscar um ponto de equilíbrio onde se incentive a criação de uma indústria nacional, que se torne competitiva e conquiste mercados externos e ao mesmo tempo tenhamos um ritmo maior de extração.
O outro dilema é a escolha entre atender aos desejos da Petrobras e a oportunidade de se realizar ainda este ano leilões de campos no pós-sal e no pré-sal. A Petrobras hoje possui um número grande de projetos, principalmente as reservas que foram concedidas no processo de sua capitalização, e, portanto, não teria interesse na realização de novos leilões. Qualquer nova área trará dificuldades tanto financeiras como de mão de obra e mesmo gerencial. Ainda mais porque no caso de leilão de áreas do pré-sal a empresa, em função da nova lei, terá um mínimo de 30% do que for leiloado e o monopólio da operação. Por outro lado, a realização de leilões poderia trazer, de imediato, grandes recursos para o governo através do bônus de assinatura. Esses recursos poderiam ser aplicados em investimentos de infraestrutura sem que ocorresse aumento do déficit público, além de aliviar os empréstimos concedidos pelo BNDES.
Ou seja, qualquer adiamento nas licitações do pré-sal e mesmo do pós-sal atrasa o recebimento, da parte do governo, dos bônus de assinatura (recebidos no momento do leilão) e do lucro que será proporcionado pelo petróleo quando os campos começarem a produzir. O Brasil pode acabar perdendo um bom momento vivido em relação aos preços do petróleo. Estima-se que o preço do barril supere US$100 em 2011. Além disso, em algum tempo o desenvolvimento do pré-sal africano pode virar um grande competidor do pré-sal brasileiro. Fora o desenvolvimento de fontes alternativas que tendem a reduzir cada vez mais a dependência em relação ao petróleo.
Os dilemas estão na mesa. Com a palavra a nossa presidente. Vamos torcer para que Deus ilumine as suas decisões.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2011
(2527)
-
▼
março
(225)
- Combaten con las mismas armas Joaquín Morales Solá
- Joaquín Morales Solá Un país que camina hacia el a...
- Uma viagem útil :: Paulo Brossard
- CELSO MING Alargamento do horizonte
- DENIS LERRER ROSENFIELD Fraternidade e natureza
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Pouca infraestrutura e m...
- Con amigos como Moyano, ¿quién necesita enemigos? ...
- Otra crisis con la Corte Suprema Joaquín Morales Solá
- Gaudencio Torquato A democracia supletiva
- VINÍCIUS TORRES FREIREFutricas público-privadas VI...
- Um itaparicano em Paris JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Tão bela e tão bregaDANUZA LEÃOFOLHA DE SÃO PAULO ...
- Ferreira Gullar A espada de Damocles
- Miriam Leitão No mar,de novo
- Durou Caldas Poder autoritário
- Dora Kramer Itamaraty, o retorno
- Nerval Pereira Desafios na gestão
- JAMES M. ACTON Energia nuclear vale o risco
- GUILHERME FIUZA Obama e o carnaval
- Boris Fauto Século das novas luzes
- Fernando de Barros e Silva Yes, we créu!
- Ricardo Noblat Ó pai, ó!
- Luiz Carlos Mendonça de Barros A presidente Dilma ...
- Fabio Giambiagi O mínimo não é mínimo
- José Goldemberg O acidente nuclear do Japão
- Carlos Alberto Di Franco Imprensa e política
- PAULO RABELLO DE CASTRO Sobre os demônios que nos ...
- MAÍLSON DA NÓBREGA Tributos: menor independencia o...
- RUTH DE AQUINO Militantes, “go home”
- CELSO LAFER A ''Oração aos Moços'', de Rui Barbosa...
- YOANI SÁNCHEZ Letras góticas na parede
- MÍRIAM LEITÃO Afirmação e fato
- CELSO MING Perigo no rótulo
- ETHEVALDO SIQUEIRA A segurança está em você
- JIM O'NEILL O Japão e o iene
- VINICIUS TORRES FREIRE Chiclete com Obama
- SUELY CALDAS A antirreforma de Dilma
- FERREIRA GULLAR O trinado do passarinho
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Vivendo de brisa
- DANUZA LEÃO Pode ser muito bom
- MARCELO GLEISER Conversa Sobre a Fé e a Ciência
- Riodan Roett: ''O estilo Lula foi um momento, e já...
- Dora Kramer Conselho de Segurança
- Merval Pereira O sexto membro
- Rubens Ricupero Decepção na estréia
- VINICIUS TORRES FREIRE Dilma está uma arara
- Míriam Leitão Cenários desfeitos
- Merval Pereira O Brasil e a ONU
- Guilherme Fiuza O negro, a mulher e o circo
- ENTREVISTA FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
- Nelson Motta -O tango do absurdo
- Míriam LeitãoAntes e depois
- Fernando de Barros e Silva Inflação na cabeça
- Merval Pereira Modelo aprovado?
- Roberto Freire Todo cuidado é pouco
- Celso Ming Não à inflação
- Dora Kramer Boa vizinhança
- Fernando Gabeira Obama no Brasil
- Rogério Furquim Werneck Instrumentos adulterados
- Energia - a chance de discutir sem soberba- Washin...
- Míriam Leitão Sol levante
- Merval Pereira A janela de Kassab
- Dora Kramer Pela tangente
- Celso Ming -Mudar o paradigma?
- Alberto Tamer Japão tem reservas anticrise
- Roberto Macedo Um filme ruim só no título
- Adriano Pires O monopólio da Petrobrás no setor el...
- Eugênia Lopes Jetom de estatais faz ministros esto...
- Carlos Alberto Sardenberg Eles vão sair dessa!
- Demétrio Magnoli A maldição do pré-sal
- Fábio Giambiagi A lógica do absurdo
- O presunçoso gerente de apagões veste a fantasia d...
- VINICIUS TORRES FREIRE Síndrome do pânico e do Japão
- Yoshiaki Nakano Para aprimorar o sistema de metas
- Merval Pereira Acordo no pré-sal
- Celso Ming Mais incertezas
- Dora Kramer Inversão de culpa
- Paul Krugman Fusão macroeconômica
- Rolf Kuntz Emprego, salário e consumo
- José Nêumanne A caixa-preta da Operação Satiagraha
- Vinícius Torres Freire-A importância de ser prudente
- Míriam Leitão-Efeito Japão
- Raymundo Costa-A força do mensalão no governo Dilma
- Fernando de Barros e Silva -Liberais de fachada
- Merval Pereira Começar de novo
- Celso Ming - Risco nuclear
- Dora Kramer Em petição de miséria
- José Serra Cuidado com a contrarreforma
- José Pastore A real prioridade na terceirização
- J. R. Guzzo Beleza e desastre
- Paulo Brossard Orçamento clandestino
- Marco Antonio Rocha Só indiretamente dá para perce...
- DENIS LERRER ROSENFIELD Falsas clivagens
- GUSTAVO CERBASI O melhor pode sair caro
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Tolerância com a inflação
- Os EUA podem entrar arregaçando na Líbia? O mundo ...
- Fúrias e tsunamis - Alberto Dines
- BARRY EICHENGREEN A próxima crise financeira
- VINICIUS TORRES FREIRE Economia, o império do efêmero
- GAUDÊNCIO TORQUATO Maria-Fumaça e a 7ª economia
-
▼
março
(225)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA