Superar uma crise de confiança em relação a sistemas financeiros é tarefa árdua, pois, além de fatores objetivos que a alimentam, é preciso neutralizar aspectos comportamentais.
Os mercados financeiros abrem agora todos os dias na expectativa de uma reversão da crise, mas basta uma notícia negativa para os preços dos ativos se desvalorizarem, o que por sua vez realimenta o clima de desconfiança quanto ao futuro das instituições.
Os bancos centrais têm procurado evitar que a crise se prolifere e desestabilize grupos financeiros que não enfrentam hoje problemas de maior gravidade. Nos Estados Unidos, aparentemente os rumores começaram a cessar, e já há até disputas pelos espólios de instituições seriamente atingidas — é o caso do Wachovia, que começou a ser motivo de uma briga judicial entre o Citigroup e o Wells Fargo.
Wall Street tem reagido mais à possibilidade de uma forte recessão nos EUA do que propriamente ao temor de novas quebras no sistema financeiro do país. O pacote aprovado pelo Congresso deve retirar de circulação títulos que têm puxado para baixo os portfólios dos grupos financeiros americanos, e, à medida que isso se torne mais perceptível no mercado, a liquidez deverá ser restabelecida. Então, mesmo que timidamente, o crédito começará a ser renovado, pois essa é a razão da existência de um sistema bancário. Mas, enquanto surge uma luz bem distante no fim do túnel da crise americana, a crise de confiança atravessa o Atlântico e torna vulnerável o sistema financeiro da Europa, onde a falta de coordenação entre países — uns garantindo depósitos, outros não — incentivou uma corrida contra bancos que ficaram desprotegidos. O erro começou pela Irlanda e a Alemanha, mas terminou corrigido.
Com mais esse trauma, os mercados já enfraquecidos voltaram a desabar, introduzindo no cenário, outra vez, o perturbador fantasma da depressão dos anos 30, a maior que a Humanidade já registrara na História.
A ação dos bancos centrais na defesa da liquidez é, no entanto, importante garantia de que a tragédia não se repetirá.
Dentro desse quadro, a economia brasileira, embora não envolvida diretamente com os fatores objetivos que detonaram a crise lá fora, começou a ser afetada pela escassez de crédito em moeda estrangeira e pode enfrentar uma diminuição na demanda por produtos e serviços que o país exporta.
A equipe econômica e o Banco Central agiram celeremente ao buscar mecanismos que mantenham azeitados as linhas de financiamento do comércio exterior brasileiro. Como não se deve contar com uma desobstrução rápida da via financeira, o mais garantido é reforçar as operações comerciais do país, que é o melhor antídoto para se anular uma pressão indesejável sobre o câmbio.
Já para o ano que vem, a situação exige atenção redobrada na política fiscal. Em 2008, até agosto, contrariando tendência dos exercícios anteriores, as despesas federais totais, e também as dos municípios, cresceram abaixo da média da economia — embora continuassem evoluindo acima da inflação —, o que proporcionou um superávit nominal nesses dois segmentos do setor público. Conter essa expansão é vital. Governos estaduais, por sua vez, precisam também se engajar nesse esforço para que em 2009 o país amplie o superávit primário e reduza quase a zero o déficit nominal. E mais: aumentos de despesa já prometidos têm de ser revistos. Isso facilitará a travessia da tempestade.
Entrevista:O Estado inteligente
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