A crise de liquidez que se espalhou por todos os países também já chegou aqui. Para enfrentá-la, especialmente nas pequenas e médias instituições financeiras, o BC logo optou por liberar recursos do recolhimento compulsório sobre depósitos à vista. A seguir, estimulou os grandes bancos a comprar carteiras de créditos de bancos menores e, agora, decidiu flexibilizar o recolhimento compulsório sobre depósitos à vista e a prazo. No total, cerca de R$ 60 bilhões se tornaram disponíveis para empréstimos, suprindo parte da escassez de recursos do exterior.
Prevendo uma possível ampliação da crise, o BC pediu a edição da Medida Provisória (MP) nº 442, que amplia os seus poderes de socorro ao sistema bancário e permite maior segurança jurídica para essas operações de socorro. O Conselho Monetário Nacional definiu as garantias que os bancos terão de oferecer em contrapartida ao socorro que recebam e, assim, resta apenas lamentar que o Congresso tenha postergado para a próxima semana a votação da MP, cujo alcance foi precisamente explicado por Henrique Meirelles.
Parece-nos de fato urgente dar ao público plena tranqüilidade em relação à solidez do sistema financeiro e a certeza de que em caso mais grave esse sistema poderá contar com a ajuda do BC.
Foi com essa mesma serenidade que o BC enfrentou o problema da falta de recursos para financiar operações do comércio exterior e também o problema da volatilidade da taxa cambial. Por meio de operações de swap, que não afetam as reservas, garantiu recursos para que o comércio exterior continue a funcionar e não se deixou impressionar pelas operações especulativas que procuravam forçar o uso das reservas.
O BC não tornou previsível que fará intervenção direta, reservando-se o direito de analisar as condições do mercado em cada momento da venda de divisas e usando esse instrumento até para derrotar ataques da especulação. É de esperar que as medidas preventivas e a atitude serena possam afastar maiores dificuldades.