OPINIÃO
À medida que a crise financeira — já de dimensões planetárias — evolui, as bruscas oscilações nas bolsas de valores ficam em segundo plano, enquanto as preocupações se voltam para o comportamento do setor real das economias.
Variações para mais ou para menos em percentuais de dois dígitos, verificadas nos mercados de ações, passam a indicar mais a atuação de especuladores, especialistas em tirar proveito de momentos como este, do que refletir o estado de saúde efetivo das economias propriamente ditas. Nessa atmosfera, as cotações ficam ciclotímicas, entram em estado de bipolaridade: notícias positivas deflagram altas avassaladoras; e as negativas desfecham quedas vertiginosas.
Como se costuma dizer no mercado financeiro, está contratada uma recessão — também de implicações mundiais —, cujo epicentro encontra-se nos Estados Unidos e, em segundo plano, na Europa, dois pesos pesados capazes de propagar ondas de reverberação em todas as direções. O próprio presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, trata do assunto sem tegiversações. Em um pronunciamento terça-feira, no Clube Econômico de Nova York, o dirigente do BC americano foi claro: “A estabilização dos mercados financeiros é um passo crítico, mas, mesmo que eles se estabilizem, não acontecerá logo em seguida uma ampla recuperação econômica.” E ele admite que a economia americana está entrando em recessão.
Alguns indicadores começam a sinalizar para o efeito demolidor na produção causado pela crise financeira.
Em setembro, pelo terceiro mês consecutivo, as vendas no varejo caíram (desta vez, 1,2%); doze sedes regionais do Fed reportaram que em suas respectivas áreas o nível de atividade começa a fraquejar; por causa dos furacões Gustav e Ike, e de uma greve na Boeing, a produção industrial caiu 2,8% em setembro, mas, se a taxa for expurgada, ela indica estagnação. Para reafirmar o rápido desaquecimento, preços caem em vários segmentos: combustíveis, roupas e, claro, imóveis, gênesis, junto com o mercado financeiro, da bolha especulativa cujo estouro desestabilizou um a um os sistemas financeiros, a partir de Wall Street.
A contaminação da economia brasileira já está em curso pela via financeira e pelo comércio exterior.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tem agido como uma espécie de porta-voz do governo para assuntos de crise. E na última entrevista ele foi objetivo ao anunciar que, se a situação exigir, o governo poderá rever aumentos de servidores e contratações já acertadas.
Provavelmente terá de fazêlo, pois, com a redução do ritmo de crescimento interno, a arrecadação deixará de bater recordes, e, para preservar os investimentos do PAC, este é o caminho mais sensato.
Ou seja, drenar dinheiro do custeio. Outra medida — inexorável, se a crise for profunda como alguns prevêem —, mas ainda não admitida pelo governo, será deixar de aplicar a nova regra de reajuste do salário-mínimo, ainda não sancionada como lei. Afinal, se o mínimo continuar a ter aumentos reais — acima da inflação —, o impacto na Previdência, já estruturalmente deficitária, agravará ainda mais o quadro fiscal.
A economia brasileira, tem razão o presidente Lula, conta com fortes antídotos para conseguir padecer menos numa crise mundial que já é histórica. Mas sucumbirá se as finanças públicas não forem administradas como devem. O que significa uma guinada de cento e oitenta graus no que vem sendo executado desde o final de 2006.
Entrevista:O Estado inteligente
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