O Estado de S. Paulo |
3/10/2008 |
Ontem, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, xerife da segunda mais importante moeda do mundo (o euro), saiu da reunião do comitê que define o tamanho dos juros na sua área e disse nada menos que o seguinte: “É necessário deixar claro que enfrentamos um grau de extraordinária incerteza.” Então é assim. Se eles, que comandam as finanças globais, estão no escuro, como Trichet confessou, como podem reagir os mortais, que pegam apenas a rebarba das informações? A resposta a essa pergunta tem a ver com o que aconteceu ontem. As bolsas caíram ao redor do mundo, o dólar disparou e o capital financeiro procurou os portos seguros disponíveis. Por aí se vê que não bastou que o Senado americano aprovasse um pacotão que vai queimar US$ 850 bilhões e certamente não vai parar nisso. Além da aprovação também pela Câmara, ainda é preciso ver se o incêndio global vai ser contido e como se fará a arrumação a partir daí. Apesar de tudo, ninguém espera uma queda abrupta da atividade econômica no mundo rico. Ainda há dinheiro em quantidade nas grandes economias. Mas o crédito bancário está estancado. Banco não empresta para banco porque não sabe se terá o dinheiro de volta. E não empresta para o resto do mercado porque a ordem agora é reforçar o caixa. É por aí que a crise avança para dentro do Brasil. Nem mesmo os exportadores, que têm seu faturamento em dólares, vêm conseguindo cobertura cambial externa para seu próprio negócio. Assim, os prazos internos no crédito direto vão-se estreitando. Há apenas dois meses, ainda havia financiamento para compra de automóveis por 90 meses e o ministro Guido Mantega ameaçava intervir para reduzir esses prazos. Não há mais essas prodigalidades, a prestação sobe além do orçamento mensal do consumidor e a tolerância com atrasos nos pagamentos está indo embora. A falta de crédito pega a indústria a uma velocidade de 6% ao ano, necessitada de capital de giro e de manutenção do fluxo de investimentos. Por enquanto, o discurso das autoridades do governo Lula para a área econômica ainda é o de que a economia brasileira está vacinada contra crises financeiras globais e que não há risco de quebradeira bancária por aqui. Mas o presidente Lula já mudou de conversa e convoca uma reunião atrás da outra com seu comando econômico para preparar algum pacote de emergência, se vier a ser necessário. Mesmo onde os juros permanecem estáveis, os bancos centrais estão soltando as rédeas do crédito para enfrentar estrangulamentos ou o que chamam de empoçamento do crédito. Por aqui, ainda não se fez nada. O Relatório de Inflação, que saiu há apenas quatro dias, manteve o ponto de vista de que a prioridade continua sendo o ataque ao excesso de consumo de maneira a impedir a inflação de demanda. Mas o momento já é outro. O ministro Mantega diz que não faltarão recursos nem para o exportador nem para a agricultura. Mas, se esses setores forem atendidos prioritariamente, como parece, pode faltar para o resto da economia. Parece inevitável que novas janelas de crédito se abram também por aqui. Confira Virada rápida - O dólar levou 11 meses para cair dos R$ 2 para R$ 1,562, no dia 30 de julho. Mas levou apenas nove semanas para voltar aos R$ 2. E, no entanto, em setembro entraram mais dólares no País do que saíram (US$ 2,7 bilhões). |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, outubro 03, 2008
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