Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, novembro 21, 2007

Venezuela não oferece risco, diz Itamaraty


Embaixador leva à CCJ da Câmara estudo que afirma que rearmamento venezuelano não ameaça soberania brasileira

Deputados devem votar hoje protocolo de adesão do país governado por Chávez ao Mercosul; Carlos Pio, da UnB, defendeu a rejeição

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil realizou um estudo sobre a atuação e o processo de rearmamento das Forças Armadas da Venezuela. Chegou à conclusão de que não há ameaça aparente à soberania brasileira hoje.
O estudo foi comentado, sem detalhes, pelo secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães. Ele não precisou quando o estudo foi feito, o que ajudaria a explicar se o discurso das autoridades de que a Venezuela não é um perigo foi embasado nele ou se apenas há consonância de opiniões.
Os comandantes militares, contudo, usam o "risco Hugo Chávez" como justificativa para novos investimentos nas Forças Armadas. Nas últimas semanas, os comandantes repetem em público o estado de penúria de seus equipamentos. Chávez já anunciou gastos da ordem de US$ 4 bilhões em novos equipamentos, a maior parte vinda da Rússia.
Mesmo sem detalhar, Guimarães citou trechos do estudo ontem em audiência pública na Câmara dos Deputados. Há argumentos que não contemplam, contudo, análises de cenários futuros.
Falou de distribuição de tropas, por exemplo. "As Forças Armadas da Venezuela, estão todas elas ao norte do país. Não há Forças Armadas venezuelanas na fronteira com o Brasil", assinalou o diplomata. Ocorre que o maior risco que analistas vêem, e não imediatamente, mas num futuro próximo, é o de a Venezuela se envolver em conflitos com vizinhos -e não uma invasão da Amazônia.
Sobre as compras chavistas, segundo o diplomata brasileiro o objetivo da Venezuela seria apenas reequipar suas Forças Armadas, trocando armas obsoletas por novas. "Não há nenhum risco à soberania nacional brasileira", disse.
Para ele, a compra de 24 caças russos apenas visava substituir os 22 caças americanos F-16 que o país comprou nos anos 80, que caducaram e não podem ser modernizados porque os EUA vetam a venda de componentes militares à Venezuela. Não citou o fato de que a Força Aérea de Chávez tem planos bem mais ambiciosos, com a ampliação da frota de Sukhoi.
"Acredito sinceramente (...) que o que está se verificando na Venezuela, pelas informações que levantamos, pelo estudo que fizemos, é o reequipamento das Forças Armadas", disse.
A audiência pública foi convocada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara para debater a entrada da Venezuela no Mercosul, cujo protocolo de adesão será votado hoje. O professor Carlos Pio, da Universidade de Brasília, defendeu posição contrária à entrada do país de Chávez.

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