Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, novembro 02, 2007

NELSON MOTTA Criatividade e organicidade

RIO DE JANEIRO - O que o mensalão federal, o mineiro e agora o sul-mato-grossense têm em comum, além da ladroagem, é a evidência de que os fundos que os bancavam eram desviados de verbas de publicidade do governo federal, de estatais, Estados e prefeituras, que são virtualmente incontroláveis.
Como as comissões sobre as verbas de mídia são fixas e pagas pelos veículos às agências, as concorrências publicitárias acabam decididas por critérios subjetivos, como criatividade, modernidade, organicidade, que facilitam e disfarçam gatunagens e politicagens.
É óbvio que as campanhas de efetiva utilidade pública, saúde, educação, segurança, transporte, serviços à população, são mais do que necessárias, obrigatórias, deveriam até merecer descontos dos veículos.
Cínica e deslavadamente, todos sempre dizem que estão "prestando contas da administração". Então que o façam com seu próprio dinheiro ou do partido que os elegeu, não com o do contribuinte. Quem quer mesmo prestar contas exibe todas as despesas, receitas e concorrências de sua administração na internet, em tempo real, para que todos possam acessar. Não custa nada, só vontade.
Mas ninguém ganharia nada com isso, agências, veículos, funcionários, administradores, partidos, governantes ... só os cidadãos que pagam a conta: todos nós.
É inútil tentar regulamentar e fiscalizar as concorrências, o que precisa acabar é a gastança de dinheiro público na promoção de governos e governantes. Que o façam no horário eleitoral "gratuito" ou com os generosos fundos partidários que já lhes pagamos. Ou nas TVs públicas.
A publicidade no Brasil é competente, rica e respeitada, a economia está bombando, e as boas agências certamente terão muitas outras fontes de receita mais limpa.

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