Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, novembro 16, 2007

ELIANE CANTANHÊDE Liderança não é de graça


BRASÍLIA - Lula não quer mais chegar de mãos abanando aonde Hugo Chávez vai como Papai Noel.
Por isso, adiou a viagem a Cuba e demora a bater o martelo na chegada à Bolívia, em dezembro. Só quer ir com tudo pronto. Não por acaso. Cuba e Bolívia são os maiores aliados da Venezuela na região.
Além da retomada dos investimentos da Petrobras na exploração de gás na Bolívia, Lula quer levar na mala outra novidade para o arisco Evo Morales: US$ 35 milhões, via Proex (programa de incentivo às exportações), para tratores e equipamentos agrícolas. O pacotinho vai inaugurar a lei 11.499 deste ano, que garante financiamentos de bens e serviços nacionais com taxas camaradas. No caso da Bolívia, 2% ao ano, em 20 anos, com 5 de carência. Coisa de irmão para irmão.
Enquanto isso, a Petrobras vai aumentando sua participação na Bolívia, onde seus dois campos, o de San Antonio e o de San Alberto, já deram tudo o que tinham de dar. O alvo maior é o campo de Itau, que tem a expectativa de produzir 4 mil metros cúbicos por dia a partir de 2011. E há outros.
Na sua forte investida na América Latina, o Brasil acha que terá ótimas relações com a nova presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que vem aí na próxima segunda-feira e é considerada "mais cosmopolita" do que o marido, Néstor Kirchner, que gosta de dar estocadas no Brasil e nunca foi sensível para a diplomacia. Aliás, jamais deu uma entrevista para a imprensa brasileira.
Agora, é ver a pressão de Lula para o Congresso aprovar a entrada da Venezuela no Mercosul, pois Chávez tem lá suas idiossincrasias, mas o seu país já é hoje o segundo superávit comercial do Brasil, depois dos EUA. Mais de US$ 4,5 bi de exportações -e de manufaturados. No apagar das luzes de 2007, Lula joga o foco na vizinhança. Líder que é líder lidera. No mundo de hoje, isso tem lá o seu preço. Em dólares.


elianec@uol.com.br

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