Radar
Lauro Jardim (ljardim@abril.com.br)
• TCU
Tem buraco na estrada
Se há algo que poucas vezes se viu na história deste país é um relatório como o que foi votado pelo TCU na semana passada. Ele descreve uma avalanche de irregularidades em obras do PAC no Acre. Estão todas lá, na construção do trecho da Rodovia BR-364, que liga as cidades de Sena Madureira e Cruzeiro do Sul. Quem quiser entender o que aconteceu nem precisa decifrar termos como "quantificação superestimada de volumes de escavação" ou "previsão antieconômica de utilização de motoscrapers". Basta saber que é maracutaia.
Roriz e suas bezerras de ouro
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• GOVERNO
A super-Dilma
O PP é donatário do Ministério das Cidades desde o primeiro mandato de Lula. Mas sabe que não basta fazer o ministro. A cúpula do PP tem reclamado com Lula que só "metade" do Ministério está com o partido. Motivo: a poderosa Secretaria de Habitação do ministério está entregue à petista Inês Magalhães, que costuma passar por cima do ministro Márcio Fortes e despachar diretamente com Dilma Rousseff. Só que Lula quer manter Inês onde ela está.
• AVIAÇÃO
Carta (quase) branca 1
Há algo de muito estranho na propalada carta-branca que Nelson Jobim teria recebido de Lula ao ser convidado para o Ministério da Defesa. Jobim já disse publicamente que quer nomear a economista Solange Paiva Vieira para comandar a Anac. Disse várias vezes, aliás. Duas semanas depois da primeira declaração, nada aconteceu.
Carta (quase) branca 2
O presidente da Anac, Milton Zuanazzi, por sua vez, manda dizer por seus assessores que só sai se Lula assim determinar – afinal, foi nomeado por ele. Lula fica na dele. Essa carta-branca está meio borrada.
• ECONOMIA
Invasão imperialista
A PDG Realty, o braço imobiliário da Pactual Capital Partners (PCP), começa a internacionalizar-se. Está adquirindo 30% de uma construtora na Argentina. Segue, assim, os mesmos passos da GP, a maior empresa de private equity do Brasil, que está comprando ativos na América Latina. O Brasil ficou pequeno para alguns.
Crescimento rápido
A PDG Realty abriu capital há dez meses. Seu valor de mercado na Bovespa, na ocasião, era de 1,1 bilhão de reais. Hoje, vale 3 bilhões de reais. A PCP é a empresa de investimentos de Gilberto Sayão e André Esteves, a dupla que vendeu o Pactual ao UBS no ano passado. É Sayão quem toca a PCP.
Delfim não pára 1
Quem está por trás do desembarque do magnata mexicano Ricardo Salinas no Brasil é Delfim Netto. Salinas, o terceiro homem mais rico do México, vai abrir uma rede de eletrodomésticos no Nordeste e um banco focado em crédito para a população de baixa renda. Delfim fez várias articulações para que Salinas desembarcasse em grande estilo no Brasil.
Delfim não pára 2
Aliás, Delfim, aos 79 anos, também participou intensamente da concepção da ação que Naji Nahas impetrou na terça-feira passada contra a Bovespa, pedindo uma indenização de 10 bilhões de reais. Delfim Netto, amigo de longa data de Nahas, participou do processo com vários conselhos.
Encontro de titãs
Sem alarde, Lakshmi Mittal, o terceiro homem mais rico do mundo, esteve no Brasil apenas por um dia no fim de setembro. Mittal, um indiano que mora em Londres há três décadas e é dono do maior grupo siderúrgico do mundo, jantou a sós com Roger Agnelli, presidente da Vale do Rio Doce. Mittal veio negociar diretamente com o seu maior fornecedor.
Espuma que incomoda
A propósito da Vale, a avaliação da mineradora sobre o movimento pela reestatização é que ele nunca decolará. Mas nem por isso deixa de preocupar. Eis o motivo: a empresa teme que o mote possa virar bandeira política nas eleições do ano que vem, principalmente nos estados em que ela atua.
• LIVROS
Novo gás na Planeta
A editora Planeta está trocando parte do seu comando no Brasil. E, novamente, está negociando a compra de uma grande editora brasileira, como forma de crescer no mercado.
• GENTE
3 milhões de dólares
Custou 3 milhões de dólares a fazenda que o músico americano Lenny Kravitz comprou há duas semanas em Duas Barras, cidadezinha fluminense. Lá, Kravitz tem vivido nestes últimos três meses.
Protagonista do capitalismo global
Josué Gomes da Silva, presidente da Springs Global, a maior indústria de produtos de cama e mesa do mundo, é um "nacionalista" que se move com desenvoltura dentro do capitalismo globalizado. Neste momento, Josué realiza dois movimentos típicos de quem tem o planeta como tabuleiro. Que movimentos são esses? Primeiro, ele finaliza a transferência para o Brasil e para a Argentina de nove das 31 fábricas que o grupo tem nos Estados Unidos. Ceifou 8 000 empregos dos americanos. Trouxe parte desses empregos para a América do Sul – na busca obsessiva de custos menores e de maior produtividade. E como ficou o projeto de uma fábrica na China? Ficou para trás. A roda do capitalismo deve tragá-lo. A fábrica asiática da Springs deverá ser no Vietnã. Por quê? Simples: lá, os custos de produção são mais baixos do que os da China. Assim caminha o capitalismo. |
Notas diárias em www.veja.com.br/radar – acesso livre
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Foto Mike Segar/Reuters |