Eu e Fernando Barros, editor de Brasil da Folha de S. Paulo, temos enormes diferenças de pensamento. Mas, às vezes, convergimos — ainda que involuntariamente e com alguns anos de intervalo. Eu acho bom. Ele talvez lamente a companhia nem sempre cômoda. No seu artigo de hoje, escreve: “O varejão da CPMF é apenas o desdobramento lógico de uma política de estado. Omissa, cúmplice ou acéfala, a oposição é incapaz de confrontar o PRI à brasileira formado em torno de Lula.” Está certíssimo.
Escrevi os textos abaixo no site Primeira Leitura:
No dia 29/08/2003
“No auge do peronismo, na Argentina, só as facções de corte social-democrata ou social-liberal ficaram de fora. O mesmo se deu durante os mais de 70 anos de ditadura do PRI mexicano. E é, insiste-se, essa clivagem que o PT escolheu fazer no Brasil”
No dia 20/01/2005
“A seguir nesta marcha, a exemplo do peronismo, o petismo congregará facções da extrema esquerda à extrema direita, eventualmente conflagradas entre si, mas sempre subordinadas a um mesmo ente de razão”.
No dia 24/05/2006
“Temo que isso nos custe algumas gerações. Há um bom risco de que estejamos vivendo apenas os primeiros tempos da burrice militante. O peronismo liquidou com a vida inteligente das camadas médias na Argentina; o PRI fez a mesma coisa no México. O PT está aí. O odor nauseabundo de uma “nova cultura” já pode ser percebido. E é por isso que eles não se conformam com Primeira Leitura e que Primeira Leitura não se conforma com eles. Enquanto existirmos, será assim. Até o fim.”
Primeira Leitura, como sabem, acabou, mas não mudou. A última edição foi ao ar 25 dias depois de eu ter escrito o texto acima. Já estava condenada, e todos sabíamos disso. “Você perdeu”, costumam dizer os petralhas. Pois é. Erram como sempre.
Como se vê, ganhei.