| O Globo |
| 9/10/2007 |
Como costuma acontecer com virtudes em geral, a fidelidade não existe em termos absolutos; autenticidade e consistência dependem de como se é fiel. Ou de quais são os objetos da lealdade. É mais ou menos assim em todas as relações, das caninas às conjugais. Já num ambiente político como o brasileiro, o conceito cínico de fidelidades relativas ou parciais não assusta ninguém: os partidos sobrevivem e prosperam em tranqüila convivência com variados graus e formas de infidelidade. É permanente o troca-troca de devoções provisórias, acompanhado de juras de eterna fidelidade. Por tudo isso, parece impecável a decisão do Supremo, confirmando a perda de mandato de deputados que mudam de partido. Diferentemente dos senadores, que disputam um pleito majoritário, os deputados dependem da divisão do bolo de votos recebidos pela legenda. Por conta própria, raros se elegeriam. Portanto, não são donos de seus mandatos, que pertencem ao partido. Faz sentido. Mas o chato de plantão, insatisfeito, sempre pode fazer perguntas aborrecidas. Como: quantos partidos podem proclamar grau razoável de coerência ideológica entre seus programas e seu comportamento? Ou entre os que defendem na área federal compromissos que regem seu comportamento no estado e no município? Todo mundo sabe: raras legendas mostram coerência respeitável entre a teoria dos programas e a prática no exercício do poder. E, sem generalizada coerência nesse campo, onde amarrar a cobrança de fidelidade? Além disso, todo mundo parece de acordo em não cobrar qualquer forma de fidelidade aos senadores. Eles certamente dispensam os votos na legenda partidária e são donos de toda a sua votação pessoal. Mas um chato de plantão sempre pode alegar que eles devem ao eleitorado uma medida de coerência entre o que prometeram nos palanques e o que fazem em Brasília. Não haverá déficit de coerência no caso do senador (caso verídico) que se elegeu pelo DEM, mudou-se para o PCdoB e hoje se hospeda (vai-se ver, nem levou o pijama e a escova de dentes) na legenda da Mãe Joana que atende por PMDB? Outro detalhe: não será exigência excessiva cobrar fidelidade e coerência ao deputado federal que, digamos, saiu do PRTB para o PTB? Um doce para quem souber qual é a diferença ideológica ou programática significativa entre um e outro. Enfim, a guerra ao troca-troca tem todo o aroma de um movimento em direção à moralização da atividade política. Mas carrega também o cheiro de um combate a conseqüências, não a causas. Sem falar no caso do Clodovil. Foi eleito deputado federal com mais de 490 mil votos. Seus eleitores não contaram para ninguém, mas devem ter certezas e garantias sobre o que esperam do representante. Falando sério: que diferença faz a filiação partidária de Clodovil? Sua eleição com aquele caminhão de votos com certeza significa alguma coisa que merece alguma meditação dos pais da Pátria. Mas, por favor, que ninguém venha dizer que há eleitores desapontados, declarando-se traídos devido à sua migração do PTC para o PR. |
Entrevista:O Estado inteligente
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