Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, outubro 16, 2007

Eliane Cantanhede - Fogo no circo




Folha de S. Paulo
16/10/2007

Rei morto, rei posto?
No Senado, não. Renan Calheiros está morto, mas Suas Excelências estão longe de acertar quem será o novo Renan, quer dizer, o novo rei.
Nessas horas, fica flagrante a força do ex-presidente (da República e da Casa) José Sarney, que tem o dedo -e os indicados- em todos os cantos do Senado. São umas 40 diretorias, para os 81 senadores. É diretor que não acaba mais. Para quê? Sei lá. Pergunte a eles. O fato é que Sarney é o grande "nomeador" e o nome mais forte para suceder Renan. Tome confusão!
O PT esquenta a cadeira, onde se aboletou o acreano Tião Viana com a legitimidade de vice-presidente e, portanto, sucessor natural de Renan durante a licença. Mas, assim que ele formalizar a renúncia, a vaga vai a leilão, ops!, a voto.
O PMDB é o maior e mais decisivo partido da base governista e não acha graça nenhuma em ver o PT na presidência da Câmara e todo assanhado para ficar com a do Senado.
O DEM não quer ouvir falar em Sarney na presidência de novo. Afinal, Roseana Sarney acaba de trocar o partido pelo PMDB, levando como prêmio a liderança do governo no Senado. Entre o PT e o PMDB, não é que os democratas, ex-pefelistas, preferem o PT?
E o PSDB? Já calculou que dá para tirar uma casquinha dessa confusão. Qual seja: jogar o PT contra o PMDB, e logo quando começa a votação da CPMF. Esquenta a votação, e o circo pega fogo.
Renan ainda tem um trunfo: se continua licenciado, Tião Viana e o PT vão ficando na presidência. Se decide renunciar de vez, o PMDB vai para a disputa, e vai pesado. Um problemão para o Planalto. E um probleminha para o PMDB, que tem quantidade, mas não qualidade. Mexe daqui, vira dali, acaba sempre sobrando para Sarney. Ou ele disputa, ou impõe quem quiser.
O momento é de intensas negociações. A esta altura, você já sabe exatamente o que isso significa.

elianec@uol.com.br

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